Virgin Orbit lança missão desde Inglaterra, mas falha a órbita terrestre

A Virgin Orbit realizou o seu primeiro lançamento orbital de 2023 e o primeiro lançamento orbital desde Inglaterra com o objectivo de colocar em órbita vários pequenos satélites durante a missão “Start Me Up” que teve início a partir do Porto Espacial de Cornwall, no dia 9 de Janeiro.

Apesar de inicialmente a empresa ter referido haver atingido a órbita terrestre após a primeira ignição do segundo estágio do lançador, minutos mais tarde recuaria nessa afirmação, indicando que uma anomalia havia impedido o sucesso da missão. O foguetão LauncherOne (R7) transportado pelo Boeing-747-400 “Cosmic Girl” tinha como objectivo uma órbita sincronizada com o Sol a uma altitude média de 555 km.

Este segundo falhanço em seis lançamentos pode colocar a Virgin Orbit numa situação complicada no mercado internacional do lançamento de satélites, estando numa situação financeira complicada antes da missão.

O Boeing-747-400 “Cosmic Girl”, pilotado por Mathew Stannard, levantou voo da Pista RW12/30 às 2202UTC e o LauncherOne foi largado do avião de transporte às 2308UTC.

O nome da missão, “Start Me Up”, foi uma homenagem a uma das mais icónicas bandas britânicas de rock and roll de todos os tempos, os Rolling Stones. A canção de sucesso estreou no álbum de 1981, “Tattoo You”, e mais tarde foi lançada na compilação “Forty Licks” da Virgin Records em 2002. Foi o maior sucesso dos Stones na década de 1980 nos Estados Unidos e continua a ser a última música da banda a aparecer em o top 10 do Reino Unido.

A carga da missão “Start Me Up”

Denominada “Start Me Up”, o manifesta da missão incluiu cargas de vários clientes, representando uma mistura de missões civis, de segurança nacional e comerciais.

As missões destes satélites cobriam um vasto leque de actividades com o objectivo de melhorarem a vida no nosso planeta, incluindo à redução do impacto ambiental da produção; a prevenção do tráfico ilegal, do contrabando e do terrorismos; e um conjunto de funções relacionadas com a segurança nacional.

O serviço de lançamento foi adquirido pelo National Reconnaissance Office (NRO) à Virgin Orbit National Systems, a subsidiária da Virgin Orbit que serve os clientes governamentais, como a primeira encomenda do contrato Streamlined Launch Indefinite Delivery, Indefinite Quantity Contract (SLIC) da NRO.

Os satélites a bordo da missão “Start Me Up” foram o AMBER-1, Prometheus-2A e Prometheus-2B, CIRCE-1 e CIRCE-2, DOVER, ForgeStar-0, AMAN e o STORK-6.

Os dois satélites Prometheus-2 eram CubeSat-6U que iriam proporcionar uma plataforma de teste para a monitorização de sinais de rádio, incluindo GPS e observação sofisticada, abrindo o caminho para um sistema de comunicações mais colaborativo com os parceiros aliados. Construídos pela In-Space Missions Ltd, Hampshire, e projectados com a Airbus Defence and Space, o programa Prometheus-2 é uma colaboração entre o Ministério da Defesa do Reino Unido e os seus parceiros internacionais, incluindo o NRO.

Estes satélites seriam operados pelo Defence Science and Technology Laboratory (DSTL) e iriam apoiar as actividades de ciência e tecnologia do Ministério da Defesa do Reino Unido, tanto em órbita como no solo, através do desenvolvimento de sistemas no solo focados nas instalações da DSTL em Portsmouth. Transportavam uma variedade de cargas, incluindo um sistema de observação hiperespectral, receptores GPS, um sistema de observação de grande angular e múltiplos rádios com software especialmente definidos.

O CubeSat-3U AMAN era um satélite de observação da Terra cujo objectivo era demonstrar a futura fiabilidade de uma constelação de satélites. Foi desenvolvido após a assinatura de um memorando de entendimento entre Omã, a empresa polaca de fabrico e de operação de satélites SatRev, os especialistas de análise de dados de AI TUATARA, e a empresa tecnológica ETCO de Omã.

Os dois satélites CIRCE (Coordinated Ionospheric Reconstruction CubeSat Experiment) constituiam uma missão de colaboração entre o Defence Science and Technology Laboratory (DSTL) – Reino Unido – e o Naval Research Laboratory (NRL) – Estados Unidos – no desenvolvimento de uma capacidade de física ionosférica em pequenos satélites.

O objectivo principal desta colaboração era o reforço dos laços já existentes nesta área e dedicados a prioridades emergentes através da investigação conjunta. As áreas-chave de interessa eram a melhoria do estado situacional espacial, desenvolvimento C4 (command, control, communications & computing), tempo espacial e a investigação de opções para capacidades espaciais.

A missão CIRCE iria caracterizar de forma precisa a dinâmica da ionosfera, explorando medições de múltiplos sensores existentes nos dois satélites para caracterizar a dinâmica de pequena escala na ionosfera. Os dois satélites eram baseados no factor CubeSat-6U fornecidos pela Blue Canyon Technologies (BCT).

O DOVER era um pequeno CubeSat-3U britânico projectado pela Open Cosmos e seria operado pelo RHEA Group como um guia para o posicionamento resiliente tendo por base GNSS, navegação e soluções temporais PNT.

Transmitindo um novo sinal inovador, especialmente projetado por engenheiros da RHEA, para fornecer dados a partir do espaço e que podeiam ser usados no solo para obter uma posição ou um tempo preciso. O satélite iria transmitir esses novos sinais para que o seu desempenho pudesse ser testado como parte do projeto de pesquisa. O DOVER forneceria resultados de investigação e desenvolvimento para uma forma de onda desenvolvida por engenheiros do RHEA e que seria usada para confirmar o desempenho no fornecimento de uma solução para resiliência de serviços PNT baseados em GNSS.

O CubeSat-3U ForgeStar-0 era um satélite britânico desenvolvido e operado pela Space Forge, País de Gales. Esta era a primeira missão da plataforma ForgeSat e irá testar os ganhos da tecnologia espacial.

O satélite AMBER-1 (também designado IOD-AMBER ou IOD-3) era um CubeSat-3U britânico que transportava uma carga experimental para a Horizon Technologies.

A Horizon Technologies e a Satellite Applications Catapult assinaram um contrato para adaptar o sistema SIGINT ‘FlyingFish’ da Horizon Technologies a uma plataforma CubeSat-6U como parte do programa Catapult da In-Orbit Demonstration.

O AMBER era um satélite Space-Based Maritime Domain Awareness (MDA) Data-as-a-Service (DaaS), que iria servir como protótipo para uma futura constelação de satélites. A sua carga conseguiria localizar e seguir embarcações em todo o mundo ao detectar as suas emissões RF o conjunto de detecção Sat Phone de banda-L derivado do sistema FlyingFish™ da Horizon Technologies, combinado com sensores de banda-X e S, e com um receptor AIS para detectar, geolocalizar e correlacionar estes sinais contra a presença de faróis AIS.

O satélite STORK-3 fazia parte de uma constelação de satélites polaca para a observação da Terra e testes tecnológicos.

Era um CubeSat-3U construído pela SatRelvolution e está equipado com o sistema de observação Vision-300 com uma resolução de até 5 metros que ocupa uma unidade ‘U’ dos satélites. Os restantes ‘2U’ estão disponíveis para albergar cargas tecnológicas de outros clientes. A constelação STORK será composta por 14 satélites. Os primeiros satélites da constelação (STORK-4 e STORK-5 ‘MARTA’) foram colocados em órbita a 30 de Junho de 2021 lançados a bordo da missão “Tubular Bells, Part One” lançada desde o Mojave ASP pelo conjunto Boeing-747-400 “Cosmic Girl”/LauncherOne (R4).

O LauncherOne

O LauncherOne é um foguetão de dois estágios (podendo-se considerar o avião de transporte Boeing-747-400 “Cosmic Girl” como um estágio 0). O primeiro estágio do LauncherOne é propulsionado pelo motor NewtonThree que consome RP-1 oxigénio líquido (LOX). O motor NewtonThree produz 333,62 kN de impulso e tem um tempo de queima de cerca de 3 minutos.

Após a separação entre o primeiro e o segundo estágio, o motor deste entra em ignição. O NewtonFour consome RP-1 e LOX e desenvolve 22,24 kN de impulso. Após a ignição do segundo estágio dá-se a separação das duas metades da carenagem de protecção.

O LauncherOne pode colocar até 500 kg de carga útil numa órbita terrestre baixa equatorial a uma altitude de 230 km ou uma carga até 300 kg numa órbita sincronizada com o Sol a uma altitude de 500 km. Com a adição de um terceiro estágio opcional, o LauncherOne também pode transportar cargas úteis para órbitas mais altas da Terra, para uma trajectória lunar ou destinos interplanetários.

Lançamento Veículo Local Lançamento Data Hora (UTC) Carga
2020-F04 R2 Mojave, RW12/30 25/Mai/20 19:50 Starshine-4

Intern-Sat

2021-002 R3 Mojave, RW12/30 17/Jan/21 18:38 CACTUS-1

CAPE-3

ExoCube-2

MiTEE-1

PICS-1

PICS-2

PolarCube

Q-PACE

RadFxSat-2 (Fox-1E)

TechEdSat-7 (TES-7)

Prometheus-2.8

Prometheus-2.11

2021-058 R4

“Tubular Bells, Part One”

Mojave, RW12/30 30/Jun/21 14:47 HALO-Net Free Flyer

Gunsmoke-J 4

CNCE Blk.1 1

CNCE Blk.1 3

BRIK-II

STORK-4

STORK-5 (MARTA)

2022-003 R5

“Above the Clouds”

Mojave, RW12/30 13/Jan/22 21:40 PAN-A

PAN-B

TechEdSat-13

GEARRS-3

ADLER-1

STORK-3

Steamsat-2

2022-074 R6

“Straight Up”

Mojave, RW12/30 02/Jul/22 06:53 Gunsmoke-L1 (Lonestar 1)

Gunsmoke-L2 (Lonestar 2)

Recurve

Slingshot-1

NACHOS-2

MISR-B

CTIM-FD

GPX-2

2023-F01 R7

“Start Me Up”

Spaceport Cornwall, RW12/30 09/Jan/23 22:02 Prometheus-2A

Prometheus-2B

AMAN

CIRCE-1

CIRCE-2

DOVER

ForgeStar-0

AMBER-1

STORK-6