RocketLab lança missão “Running Out Of Fingers”

A RocketLab lançou a sua 10.ª missão orbital a partir do Centro de Lançamentos de Máhia, Nova Zelândia. O lançamento teve lugar às 0818UTC do dia 6 de Dezembro de 2019 e foi levado a cabo desde o Complexo de Lançamento LC-1 pelo foguetão Electron/Curie (F10).

A missão “Running Out Of Fingers” transportou a bordo vários PocketQubes da Alba Orbital que representam cinco países diferentes e uma vasta gama de demonstrações.

O primeiro estágio do lançador estava equipado com um sistema de telemetria para recolher uma grande quantidade de dados acerca do seu ambiente de reentrada. Estes dados serão no futuro utilizados para reforçar o primeiro estágio e prepará-lo para as suas tentativas de recuperação.

Devido à grande quantidade de dados que será produzida, o lançador irá literalmente ejectar pequenas cápsulas de dados que serão então recuperadas no Oceano Pacífico. Se tudo correr bem e se os dados obtidos forem promissores, a RocketLab poderá tentar a sua primeira recuperação do primeiro estágio de um foguetão Electron – capturando o estágio suspenso em pára-quedas no ar com um helicóptero – no princípio de 2020.

A carga “Running Out Of Fingers”

A bordo da missão “Running Out Of Fingers” encontravam-se os satélites ATL-1, FossaSat-1, NOOR-1A, NOOR-1B, SMOG-P, TRSI-Sat e ALE-2.

O ATL-1 é um picossatelite húngaro desenvolvido pela ATL Lda. A missão deste satélite é testar um novo material de isolamento térmico no espaço e monitorizar o espectro na banda DVB-T. O satélite é baseado na configuração PocketQube (2P) e está equipado com células solares que fornecem energia que é armazenada em baterias internas.

O FossaSat-1 é um picossatelite desenvolvido pela Espanhola Fossa Systems, uma organização sem fins lucrativos que se dedica a tecnologia de picossatelites pocketqube e democratização do acesso ao espaço.

A principal missão do satélite é testar uma nova modulação experimental do chip RF chamado LoRA e partilhar dados educacionais do espaço para o publico. Uma das características são os painéis solares desdobráveis. O projecto serve também para albergar o desenvolvimento de satélites miniaturizados baratos para uso no espaço usando componentes reutilizáveis

O satélite, com uma massa de 0,2 kg, é baseado na configuração PocketQube (1P) e está equipado com células solares que fornecem energia que é armazenada em baterias internas.

Os satélites NOOR-1A e NOOR-1B da Star Space, também conhecidos como Unicorn-2B e Unicorn-2C, são picossatélites desenvolvidos pela Alba Orbital. Estes picossatelites foram construídos para demonstrar a comunicabilidade inter-satélite na orbita terrestre baixa, comunicações encriptadas e integração com o software das estações terrestres que permite a satélites de terceiros pedir a transferência de dados.

Os satélites, com uma massa de 0,75 kg, são baseados na configuração PocketQube (3P) e estão equipados com células solares que fornecem energia que é armazenada em baterias internas.

O SMOG-P é um picossatelite húngaro desenvolvido pela universidade BME. Este satélite é caracterizado por um analisador de espectro para medir a poluição electromagnética feita pelo homem no espaço. A carga que monitoriza o novo espectro irá fazer um mapa global do uso desse mesmo espectro. Usará para isso a banda DVB-T.

O satélite na configuração PocketQube (1P) e está equipado com células solares que fornecem energia que é armazenada em baterias internas.

TRSI-Sat é um picossatelite desenvolvido e operado pela My Radar. Este satélite contem duas experiências: uma experiência em cascata que irá mostrar uma imagem no diagrama de cascata, fazendo saltar a frequência dentro da banda de transmissão, tentando assim a correlação de algoritmos neste sinal para determinar a capacidade de ser detectado em condições de fraco sinal; a segunda experiência irá analisar as capacidades de recepção do sinal RF na orbita terrestre baixa com um novo detector de recepção e uma pequena antena. Foi desenhado para testar se pequenos receptores em satélites que não necessitam antenas são viáveis.

O satélite na configuração PocketQube (1P) tem uma massa de 0,2 kg e está equipado com células solares que fornecem energia que é armazenada em baterias internas.

O Astro Live Experiences 2 (ALE-2) é um pequeno satélite de demonstração desenvolvido pela Astro Live Experiences, cujo o objectivo é produzir uma chuva de meteoros.

O satélite, com uma massa de 78 kg e com um custo de 3 milhões de dólares, transporta 300 a 400 partículas que depois de libertadas irão simular estrelas cadentes com cores diferentes na reentrada atmosférica. O ALE-2 propelente suficiente para se manter em orbita 27 meses antes de reentrar na atmosfera, transportando um mecanismo DOM (De-Orbit Mechanism) para acelerar a sua reentrada.

Lançamento

O foguetão Electron era colocado na sua posição vertical a T-4h 00m e iniciava-se o processo de abastecimento de querosene. O pessoal de apoio na plataforma de lançamento deixava a área a T-2h 30m e o abastecimento de oxigénio líquido (LOX) iniciava-se a T-2h 00m.

As autoridades de aviação locais eram informadas sobre o lançamento a T-30m para assim poderem avisar os aviadores naquele espaço aéreo. Os preparativos finais para o lançamento iniciam-se a T-18m. A sequência automática de lançamento inicia-se a T-2m, com o computador de bordo do Electron a tomar conta das operações. A ignição dos motores do lançadores inicia-se a T-2s.

O foguetão abandona a plataforma de lançamento a T=0s, com uma ascensão lenta nas fases iniciais e ganhando velocidade à medida que ganha altitude. O final da queima do primeiro estágio termina a T+2m 36s e a sua separação ocorre três segundos mais tarde. A ignição do motor do segundo estágio ocorre a T+2m 42s. A separação da carenagem de protecção ocorre a T+3m 13s. Aos T+06m 32s ocorre a troca de baterias eléctricas que dão o impulso eléctrico necessário a ignição do motor Rutherford Vacuum.

O segundo estágio atinge a órbita terrestre a T+8m 54s. A separação entre o segundo estágio e o estágio Curie ocorre e T+9m 01s, com a sua ignição a ter lugar a T+50m 21s. O final da queima do estágio Curie ocorre a T+51m 57s. A T+60m 00s inicia-se a separação sequencial dos satélites.

O foguetão Electron

O Electron é um lançador a dois estágios com um comprimento de 17 metros e um diâmetro de 1,2 metros. É capaz de colocar em órbita terrestre baixa uma carga de 225 kg, sendo a sua carga nominal de 150 kg (a 500 km de altitude). Devido ao seu desenho e fabrico, o Electron é elaborado com altos níveis de automatização.

O lançador tira partido de materiais compósitos na sua fuselagem, tendo uma estrutura forte e super leve. Da mesma forma, os tanques de propolente são fabricados em materiais compósitos.

O primeiro estágio está equipado com nove motores Rutherford e tem uma capacidade de 162 kN, com um impulso específico de 303 s. O motor Rutherford consome querosene e oxigénio líquido, utilizando componentes impressos em 3D.

O motor Rutherford é um motor topo de gama que se alimenta de querosene e oxigénio líquido, e que foi especificamente projectado para o foguetão Electron utilizando um ciclo de propulsão inteiramente novo. Uma característica única deste motor são as turbinas eléctricas de alta performance que reduzem a sua massa e que substituem hardware por software. O motor Rutherford é o primeiro motor do seu tipo que utiliza impressão 3D nos seus componentes principais. Estas características são únicas no mundo para um motor de propelentes líquidos de alta performance alimentados por turbobombas eléctricas. O seu desenho orientado para a produção permitem que o Electron seja construído e os satélites lançados com uma frequência sem precedentes.

Lançamento Missão Veículo Lançador Data de Lançamento Hora

(UTC)

Carga
2017-F02 F1 It’s a Test 25 / Mai / 2017 04:20 It’s a Test

Humanity Star

2018-010 F2 Still Testing 21 / Jan / 2018 01:30 Dove Pioneer

Lemur-2 (72) ‘Tallhamn-ATC’

Lemur-2 (73) ‘Marshall’

Humanity Star

2018-088 F3 It’s Business Time 11 / Nov / 2018 03:50 CICERO-10

Lemur-2 (82) ‘Zupanski’

Lemur-2 (83) ‘Chanusiak’

Irvine-01

NABEO (Pride of Bavaria)

Proxima-I

Proxima-II

2018-104 F4 This One’s For Pickering 16 / Dez / 2018 06:34 ALBus

CeREs

CHOMPTT

Da Vinci

ISX

NMTSat

RSat-P

Shields-1

STF-1

CubeSail-1

CubeSail-2

TOMSat Eagle Scout

TOMSat R3 (AeroCube-11)

Goergen (SHFT-1)

2019-016 F5 Two Thumbs Up 28 / Mar / 2019 23:27 R3D2
2019-026 F6 That’s A Funny Looking Cactus 05 / Mai / 2019 06:00 Harbinger (ICEYE-X3)

SPARC-1

Falcon-ODE

2019-037 F7 Make it Rain 29 / Jun / 2019 04:30 BlackSky Global-3

Prometheus-2 (5)

Prometheus-2 (6)

ACRUX-1

SpaceBEE-8

SpaceBEE-9

Painani-1

2019-054 F8 Look Ma, No Hands 19 / Ago / 2019 12:12 BlackSky Global-4

BRO-1

Pearl White-1

Pearl White-2

2019-069 F9 As The Crow Flies 17 / Out / 2019 01:22 PALISADE (Demo-1)
2019-084 F10 Running Out Of Fingers 6 / Dez / 2019 08:18 ATL-1

FossaSat-1

NOOR-1A

NOOR-1B

SMOG-P

TRSI-Sat

ALE-2

O segundo estágio do lançador é propulsionado por um motor derivado do motor Rutherford melhorado para uma excelente performance em condições de vácuo. É capaz de desenvolver 22 kN de força e um impulso específico de 333 s.

O Complexo de Lançamento LC-1 localizado na Península de Máhia entre Napier e Gisborne, na costa Este de Ilha do Norte da Nova Zelândia. Este é o primeiro complexo orbital na Nova Zelândia e o primeiro complexo a nível mundial operado de forma privada. A localização remota do LC-1, e de forma particular o seu baixo volume de tráfego marítimo e aéreo, é um factor chave que permite um acesso sem precedentes ao espaço. A posição geográfica deste local permite que seja possível a uma grande gama de azimutes de lançamento – os satélites lançados desde Máhia podem ser colocados em órbitas com uma grande variedade de inclinações para assim proporcionar serviços em muitas áreas em torno do globo.

Texto de Salomé T. Fagundes / Rui C. Barbosa

Dados estatísticos e próximos lançamentos

– Lançamento orbital: 5894

– Lançamento orbital EUA: 1676 (28,44%)

– Lançamento orbital desde Onenui (Máhia): 10 (0,17% – 0,60%)