RocketLab lança dois satélites da NASA

A RocketLab USA Inc. colocou em órbita os satélites TROPICS-05 e TROPICS-06 a 8 de Maio de 2023.

O lançamento da missão “Rocket Like a Hurricane” foi realizado a partir do Complexo de Lançamento LC-1B do Centro de Lançamentos de Onenui (Máhia), Nova Zelândia, e utilizou o foguetão Electron/Curie (F36).

Todas as fases da missão decorreram como previsto e os dois satélites foram colocados nas suas órbitas predeterminadas.

Os satélites TROPICS

A missão TROPICS (Time-Resolved Observations of Precipitation structure and storm Intensity with a Constellation of Smallsats) é uma missão da NASA e será composta por um conjunto de CubeSat que irá fornecer medições de micro-ondas sobre os trópicos que podem ser utilizadas para observar a termodinâmica da troposfera e da estrutura de precipitação de sistemas de tempestades na mesoescala e escala sinóptica ao longo de todo o ciclo de tempestade.

A missão contará com satélites em três planos orbitais na órbita terrestre baixa. Cada CubeSat estará equipado com um radiómetro de alto desempenho varrendo ao longo da cobertura orbital a 30 RPM para fornecer perfis de temperatura utilizando sete canais perto da linha de absorção do oxigénio a 118,75 GHz, perfis de vapor de água utilizando três canais perto da linha de absorção do vapor de água a 183 GHz, imagens num único canal perto dos 90 GHz para medições de precipitação, e um único canal a 205 GHz para medições das nuvens de gelo.

Este sistema de observação oferece uma combinação sem precedentes de resolução horizontal e temporal para a medição das condições ambientais e de núcleo dos ciclones tropicais numa escala quase global, sendo um grande salto em frente na resolução temporal de vários parâmetros chave necessários para o estudo detalhado de eventos meteorológicos de grande impacto. A missão TROPICS irá demonstrar que a utilização de uma constelação de satélites para estudos de ciências da Terra pode melhorar a resolução, obter uma cobertura configurável (trópicos, quase global, ou global), flexibilidade, fiabilidade, e lançamento a um custo extremamente baixo, servindo assim de modelo para futuras missões.

Cada CubeSat é baseado no modelo CubeSat-2U da Blue Canyon Technologies, estando equipado com um sistema de controlo e determinação de atitude (Attitude Determination and Control System ADCS), sistemas aviónicos, sistema de fornecimento de energia, sistema de comunicações e um radiómetro rotativo 1U (carga útil), com um sistema de recepção altamente integrado e compacto projectado no MIT Lincoln Laboratory com receptores da UMass – Amherst and Virginia Diodes Inc.

Os satélites TROPICS operam a uma altitude de 550 km com uma inclinação de 29,75.º.

A constelação seria constituída por sete CubeSat, porém dois satélites (TROPICS-02 e TROPICS-04) foram perdidos a 12 de Junho de 2022 devido a problemas com o foguetão lançador Rocket-3.3 da Astra.

Lançamento

Com o encerramento das vias de acesso ao local de lançamento a ocorrer a T-6h, o foguetão Electron era colocado na sua posição vertical a T-4h e iniciava-se o processo de abastecimento de querosene. O pessoal de apoio na plataforma de lançamento deixava a área a T-2h 30m e o abastecimento de oxigénio líquido (LOX) iniciava-se a T-2h.

As autoridades de aviação locais eram informadas sobre o lançamento a T-30m para assim poderem avisar os aviadores naquele espaço aéreo. Os preparativos finais para o lançamento iniciam-se a T-18m. A sequência automática de lançamento inicia-se a T-2m, com o computador de bordo do Electron a tomar conta das operações. A ignição dos motores do lançador inicia-se a T-2s.

O foguetão abandona a plataforma de lançamento a T=0s, com uma ascensão lenta nas fases iniciais e ganhando velocidade à medida que ganha altitude. O veículo atinge a velocidade do som (Mach 1) a T+1m 0s e a zona de máxima pressão dinâmica a T+1m 11s. O final da queima do primeiro estágio ocorre a T+2m 29s e a sua separação ocorre quatro segundos mais tarde.

A ignição do motor Rutherford do segundo estágio ocorre a T+2m 36s, seguindo-se a separação da carenagem de protecção a T+3m 8s. A T+6m 52s ocorre a troca de baterias eléctricas que dão o impulso eléctrico necessário a ignição do motor Rutherford Vacuum.

O final da queima do segundo estágio ocorre a T+9m 27s e a separação entre o segundo estágio e o estágio Curie ocorre e T+9m 31s. Após uma fase não propulsionada de cerca de 20 minutos, o estágio Curie entra em ignição a T+30m 6s. O final da queima do estágio Curie ocorre a T+32m 50s e a separação dos satélites ocorre por volta de T+33m.

O foguetão Electron

O Electron é um lançador a três estágios com um comprimento de 18 metros e um diâmetro de 1,2 metros. Tem uma massa de 13.000 kg no lançamento e é capaz de colocar em órbita terrestre baixa uma carga de 225 kg, sendo a sua carga nominal de 200 kg (a 500 km de altitude). Devido ao seu desenho e fabrico (fibra de carbono compósito e estrutura monocoque), o Electron é elaborado com altos níveis de automatização.

O lançador tira partido de materiais compósitos na sua fuselagem, tendo uma estrutura forte e superleve. Da mesma forma, os tanques de propelente são fabricados em materiais compósitos.

O primeiro estágio está equipado com nove motores Rutherford com uma capacidade de 162 kN, com um impulso específico de 311 s. O motor Rutherford consome querosene e oxigénio líquido, utilizando componentes impressos em 3D.

O motor Rutherford é um motor topo de gama que se alimenta de querosene e oxigénio líquido, sendo especificamente projectado para o foguetão Electron utilizando um ciclo de propulsão inteiramente novo. Uma característica única deste motor são as turbinas eléctricas de alto desempenho que reduzem a sua massa, substituindo assim ‘hardware’ por ‘software’. O motor Rutherford é o primeiro motor do seu tipo que utiliza impressão 3D nos seus componentes principais. Estas características são únicas no mundo para um motor de propelentes líquidos de alto desempenho alimentados por turbobombas eléctricas. O seu desenho orientado para a produção permitem que o Electron seja construído e os satélites lançados com uma frequência sem precedentes.

O segundo estágio do lançador é propulsionado por um motor derivado do motor Rutherford melhorado para um excelente desempenho em condições de vácuo. Consegue desenvolver 22 kN de força e um impulso específico de 343 s.

A sua carenagem tem um comprimento de 2,5 metros com um sistema de separação pneumático e por molas.

Lançamento Missão Veículo Lançador Data de Lançamento Hora

(UTC)

Carga
2022-070 F27 CAPSTONE 28/Jun/22 09:55:52 CAPSTONE

‘Lunar Photon’

2022-079 F28 Wise One Looks Ahead 13/Jul/22 06:30 NROL-162 (RASR-3)
2022-091 F29 Antipodean Adventure 04/Ago/22 05:00 NROL-199 (RASR-4)
2022-113 F30 The Owl Spreads Its Wings 15/Set/22 20:38 StriX-1
2022-127 F31 It Argos Up From Here 07/Out/22 17:09:21 GAzelle
2022-147 F32 Catch If You Can 04/Nov/22 17:27 MATS
2023-011 F33 Virginia is for Launch Lovers 24/Jan/23 23:00 Hawk-6A

Hawk-6B

Hawk-6C

2023-035 F34 Stronger Toghether 16/Mar/23 22:38:59 Capella-9

Capella-10

2023-041 F35 The Beat Goes On 24/Mar/23  09:14 BlackSky-18

BlackSky-19

2023-062 F36 Rocket Like A Hurricane 08/Mai/23 01:00 TROPICS-05

TROPICS-06

O Complexo de Lançamento LC-1 localizado na Península de Máhia, entre Napier e Gisborne, na costa Este de Ilha do Norte da Nova Zelândia. Este é o primeiro complexo orbital na Nova Zelândia e o primeiro complexo, a nível mundial, operado de forma privada.

Equipado com duas plataformas de lançamento, a localização remota do LC-1, e de forma particular o seu baixo volume de tráfego marítimo e aéreo, é um factor-chave que permite um acesso sem precedentes ao espaço. A posição geográfica deste local permite que seja possível a uma grande gama de azimutes de lançamento – os satélites lançados desde Máhia podem ser colocados em órbitas com uma grande variedade de inclinações para assim proporcionar serviços em muitas áreas em torno do globo.