A agência espacial Norte-americana, NASA, levou a cabo com sucesso o lançamento da missão sub-orbital DEUCE-2.
O lançamento teve lugar às 0746UTC do dia 18 de Dezembro de 2018 e foi levado a cabo por um foguetão-sonda Black Brant-IX a partir de White Sands, Novo México, atingindo uma altitude de 282 km antes de ser recuperada com ajuda de pára-quedas.
A missão DEUCE-2 teve como objectivo explorar as regiões mais escuras do espaço entre as estrelas e as galáxias.
Embora estrelas e galáxias preencham nosso céu nocturno, a maior parte da matéria no Universo reside nos vazios escuros entre eles. Espalhados por distâncias insondáveis, esse gás frio e difuso entre as galáxias – chamado de meio intergaláctico, ou IGM (InterGalactic Medium) – dificilmente emite luz alguma, dificultando o seu estudo.
A missão DEUCE-2 estava equipada com um sistema de observação óptica de ultravioleta especial, com o objectivo de «lançar luz» sobre a natureza do IGM. Assim, a missão Dual-channel Extreme Ultraviolet Continuum Experiment (DEUCE) mediu a luz de um par de estrelas quentes próximas na constelação de Canis Major, com o objetivo de ajudar os investigadores a entender como o IGM chegou ao seu estado actual.
Os cientistas sabem que o IGM, que é principalmente hidrogénio, foi bombardeado com radiação de alta energia, fazendo com que os electrões se separassem de seus átomos – um processo conhecido como ionização. Muitos acham que a intensa luz ultravioleta das galáxias em formação é responsável pela ionização do universo, mas nem todos concordam que essa é a única causa. Como a atmosfera da Terra bloqueia a luz ultravioleta, é impossível estudar esse tipo de radiação a partir do solo. Em vez disso, os cientistas precisam capturar essa luz acima da atmosfera, e os foguetões-sonda – que fornecem uma alternativa barata aos telescópios espaciais – são uma opção prática.
A missão DEUCE foi lançada pela primeira vez em Outubro de 2017, desde o White Sands Missile Range. No entanto, os dados científicos não foram obtidos devido a um problema com o sistema de controle de atitude da carga útil. A carga útil desceu de pára-quedas e foi recuperada. Após uma extensa investigação pelo NASA Sounding Rocket Program e um redesenho da carga útil, uma segunda missão foi aprovada.
“A DEUCE é sobre ser capaz de se entender melhor se e como as galáxias em formação de estrelas ionizaram o universo primordial“, disse Nicholas Erickson, um estudante de pós-graduação da Universidade do Colorado em Boulder, que trabalha com o projecto. “Essa luz ionizante nunca foi medida com precisão em estrelas quentes, e a DEUCE fará a primeira medição calibrada dela, apontando a contribuição que as estrelas poderiam ter para ajudar a ionizar o Universo.”
Em dois vôos, o DEUCE irá olhar para duas estrelas jovens e brilhantes – primeiro Epsilon Canis Major e mais tarde Beta Canis Major – usando um telescópio sensível à luz ultravioleta. Essas estrelas estão próximas o suficiente para que sua luz chegue à Terra antes de serem totalmente absorvidas pelo gás interestelar, permitindo aos cientistas medir a quantidade de luz das estrelas para ver se é suficiente contribuir significativamente para a quantidade de gás ionizado no IGM.
“É uma medida difícil de se fazer, porque ainda há hidrogénio neutro entre as estrelas que é extremamente eficaz em absorver a luz das estrelas nesses comprimentos de onda“, disse Erickson. “Para ser visto na Terra, é necessária uma estrela realmente brilhante por perto, e há apenas duas estrelas que são candidatas viáveis para essa medida.”
O DEUCE usa um detector de placa de microcanais – o maior já voado no espaço – para medir a luz das estrelas. A missão, além de fornecer dados científicos, testará este tipo de grande detector de UV para prontidão em futuras missões espaciais de larga escala. O segundo voo DEUCE para ver o Beta Canis Major ainda não foi agendado.
Imagem: NASA