Mars Express vê luas contra os anéis de Saturno

As novas imagens e vídeos obtidos pelo satélite Mars Express da ESA, mostram Phobos e Deimos à deriva na frente de Saturno e estrelas de fundo, revelando mais sobre o posicionamento e as superfícies das misteriosas luas do Planeta Vermelho.

Veja o vídeo

As duas pequenas luas de Marte são objetos intrigantes. Embora saibamos algo sobre o seu tamanho, aparência e posição, graças às naves espaciais, como o Mars Express da ESA, muito permanece desconhecido. Como e onde se formaram? Do que são feitas? O que exactamente está na sua superfície – e podemos enviar uma nave espacial que possa aterrar na superfície para descobrir?

O Mars Express tem vindo a estudar Marte e as suas luas há muitos anos. O satélite, recentemente, observou Phobos, a lua mais interior e maior de Marte, com até 26 km de diâmetro, e Deimos, a irmã menor de Phobos, com 6,2 km de diâmetro, produzindo este novo vídeo e série de imagens.

O vídeo combina 30 imagens como quadros individuais e mostra Phobos a passar em frente do gigante planeta gasoso Saturno, que fica a cerca de mil milhões de quilómetros de distância, visível como um pequeno ponto anelado ao fundo.

Posicionamento preciso

O Mars Express trabalha há mais de 14 anos no Planeta Vermelho. Enquanto várias outras naves espaciais estão actualmente em Marte, incluindo o ExoMars Trace Gas Orbiter da ESA, a órbita elíptica quase polar do Mars Express, oferece algumas vantagens para certas observações.

Em particular, a sua trajectória aproxima-o de Phobos mais do que qualquer outra nave espacial, e permite observar, periodicamente, a lua de cerca de 150 km – no verão de 2017, chegou a cerca de 115 km.

As imagens de Phobos e Saturno que compõem o vídeo foram obtidas no dia 26 de Novembro de 2016, através da câmara estéreo de alta resolução. O Mars Express viajava a cerca de 3 km/s quando obteve estas panorâmicas, destacando a importância de conhecer a posição exacta de Phobos: o satélite tinha apenas segundos para fotografar o corpo rochoso à medida que este passava.

Os cientistas aprimoram, repetidamente, o nosso conhecimento sobre o posicionamento das luas no céu e asseguram que esteja atualizado, através da observação de cada lua contra estrelas de referência de fundo e outros corpos do Sistema Solar. Estas posições calculadas são incrivelmente exactas e podem ser precisas até a alguns quilómetros.

Estudo da superfície

Estas imagens também são fundamentais para entender a superfície e a estrutura das luas. Ao lado da imagem de Phobos contra Saturno, o Mars Express também obteve imagens de Phobos contra uma estrela de referência, a 8 de Janeiro de 2018 (estrela circundada a vermelho), imagens de perto da superfície esburacada de Phobos, a 12 de Setembro de 2017, e imagens de Deimos com Saturno, a 15 de Janeiro de 2018.

As imagens da superfície de Phobos foram obtidas durante os voos aproximados e mostram, detalhadamente, a superfície acidentada, irregular e ondulada. Phobos tem uma das maiores crateras de impacto em relação ao tamanho do corpo no Sistema Solar: o diâmetro de 9 km da cratera Stickney é cerca de um terço do diâmetro da lua. É visível como a maior cratera nestas imagens (na parte superior esquerda da lua).

O mesmo lado da lua está sempre de frente para o planeta, o que significa que são necessários vários voos aproximados para construir um mapa completo da sua superfície.

Deimos e Saturno

Deimos é visível como um corpo irregular e parcialmente sombreado no primeiro plano de uma das imagens do Mars Express, com os anéis delicados de Saturno quase visíveis a rodear o pequeno ponto no fundo.

Deimos está significativamente mais distante de Marte do que a irmã maior: enquanto Phobos fica a apenas 6000 km da superfície, Deimos orbita a cerca de 23 500 km. Para comparação, o nosso próprio satélite está cerca de 16 vezes mais longe da Terra do que Deimos está de Marte.

Futuras missões a Marte

Há muitas coisas que ainda desejamos saber sobre o sistema Marciano. As luas permanecem particularmente misteriosas, com perguntas abertas sobre as suas origens, formação e composição. Como resultado, e combinado com a proximidade com o Planeta Vermelho, as luas têm gerado muito interesse como alvo para futuras missões.

Phobos, em particular, foi considerada para uma possível missão de desembarque e retorno de amostras. Devido à sua proximidade com Marte e um lado sempre de frente para o planeta, a lua também pode ser um local possível para um posto de observação mais permanente. Isto permitiria a monitorização e o estudo, a longo prazo, da superfície marciana e da atmosfera, e a retransmissão de comunicações para outras naves espaciais.

Compreender mais sobre o posicionamento, a superfície, a composição e o terreno, tanto de Phobos quanto de Deimos, a partir das observações do Mars Express, é importante para a preparação para futuras missões.

Notícia e imagens: ESA

Texto corrigido para Língua Portuguesa pré-AO90