Mário Ferreira… poderá ser o primeiro português a ultrapassar os 100 km de altitude

A empresa norte-americana Blue Origin anunciou que Mário Ferreira, empresário e presidente do grupo Mystic Invest que é mais conhecido como director executivo da empresa Douro Azul irá integrar a «tripulação» da missão NS-22 que poderá ter lugar até finais de Julho de 2022.

A missão NS-22 será um voo suborbital que irá transportar um grupo de seis passageiros que inclui Coby Cotton cofundador da Dude Perfect, a montanhista britânica Vanessa O’Brien, o engenheiro Clint Kelly III, a engenheira egípcia Sara Sabry, e o executivo de telecomunicações Steve Young.

Assim, e com o voo a correr como previsto, Mário Ferreira tornar-se-á o primeiro português a ultrapassar o limite inferior do espaço internacionalmente estabelecido pela Federação Internacional de Astronáutica e que está assinalado aos 100 km de altitude.

O voo da New Shepard é um voo suborbital, isto é, a velocidade que o veículo atinge não é a suficiente para o colocar em órbita em torno da Terra.

Poderemos dizer que Mário Ferreira é um astronauta?

No início da Conquista Espacial vulgarizaram-se dois termos que estavam associados ao ambiente político da época e que reflectiriam os objectivos a que tanto os Estados Unidos como a União Soviética se propunham.

Enquanto que o termo ‘astronauta’ foi utilizado pelos Estados Unidos para definir os seus viajantes espaciais quer estes realizassem voos suborbitais (Alan Shepard e Virgil Grissom) como voo orbitais (John Glenn e seguintes), o termo ‘cosmonauta’ foi utilizado para definir os seus viajantes espaciais.

Depois da missão de Yuri Gagarin e após o curto voo suborbital de Alan Shepard, o Presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy, estabelecia o objectivo de chegar à Lua antes do final da década de 60. Assim, o termo ‘astronauta’ ficava definido como «aquele que viaja entre os astros». Por seu lado, a União Soviética não respondia ao ‘desafio’ de Kennedy e referia que os seus viajantes espaciais era viajantes do cosmos, logo «cosmonautas».

Curiosamente, mais tarde a França utilizaria o termo «espaçonauta« para se diferenciar das duas superpotências!

O termo ‘astronauta’ foi também aplicado aos pilotos de teste de caça que em missões de ensaio ultrapassavam a altitude dos 100 km, como aconteceu várias vezes com o avião norte-americano X-15.

Assim, os dois termos mais vulgares foram sendo utilizados ao longo da História Espacial para diferenciar os viajantes espaciais norte-americanos ou Ocidentais, dos viajantes espaciais soviéticos, russos ou do Bloco de Leste (missões Intercosmos).

Com o advento dos voos espaciais orbitais com tripulantes não profissionais, isto é, “turistas espaciais” ou “participantes em voos espaciais” (como foi o caso de Dennis Tito em Abril de 2001), tanto o termo ‘astronauta’ como ‘cosmonauta’ foi sendo aplicado sem se colocar a diferenciação específica da sua profissionalização. De igual forma, mas sofrendo um pouco de uma falta de rigor, o termo seria aplicado aos turistas espaciais em voos suborbitais.

Não sendo uma regra com uma precisão que possa agradar a todos os gostos, o Boletim Em Órbita considera a aplicação do termo ‘astronauta’ ou ‘cosmonauta’ (e já agora do termo ‘taikonauta’) àqueles que realizem um voo espacial orbital.

Assim, será utilizado o termo genérico “turista espacial” ou “participante em voo espacial” para definir a viagem a bordo da missão NS-22 por parte de Mário Ferreira.

Fotografia: Facebook de Mário Ferreira



1 comentário em “Mário Ferreira… poderá ser o primeiro português a ultrapassar os 100 km de altitude”

  1. A exploração espacial devera ser um interesse mundial, neste artigo o que nos leva á reflexão, ou pelo menos à discussão é se estes voos turísticos ajudam ou não a manter vivo o interesse na exploraç\ao espacial, ou se estamos a criar desde já nichos de interesses económicos em que o espaço será para squles que detém poder económico.
    obrigada Rui Barbosa por continuar estoicamente a nos informar o que se passa nesta área , uma vez que a falta de informação nesta área em Portugal é lamentavelmente parada.

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