“Love At First Insight” da Rocket Lab lança dois satélites BlackSky

O lançamento teve lugar às 0138:13UTC do dia 18 de Novembro de 2021 e foi levado a cabo desde o Complexo de Lançamento LC-1, plataforma A do Centro de Lançamentos de Máhia, em Onenui – Nova Zelândia. Os dois satélites foram colocados em órbita pelo foguetão Electron/Curie (F22) e esta foi a missão “Love At First Insight”, sendo a 22.ª missão da empresa e a 5.ª deste ano.

A missão “Love At First Insight” nasceu do acordo assinado pela RocketLab com a Spaceflight Inc. para o lançamento dos satélites BlackSky o que inclui integração dos satélites e gerir toda a missão.

Esta missão conta com os satélites BlackSky-10 e BlackSky-11 como parte do acordo de lançamentos rápidos e ainda mais quatro nas missões que se seguem.

A Rocket Lab também tentou uma amaragem controlada e recuperação do primeiro estágio do Electron. Foi a terceira vez que a Rocket Lab recuperou um primeiro estagio do Electron. Nesta tentativa de recuperação um helicóptero estava estacionado na zona de recuperação a cerca de 200 milhas náuticas, para acompanhar e observar a descida do estágio para futuras capturas aéreas. O helicóptero não tentou a recuperação nesta missão, mas testou as comunicações e acompanhamento para refinar as operações do conceito para futuras capturas aéreas do Electron.

Texto: Salomé T. Fagundes

Os satélites da BlackSky Global

A bordo estavam os satélites BlackSky-10 e BlackSky-11.

A constelação de satélites BlackSky é um conjunto de microsatelites da BlackSky para observação terrestre, com uma resolução de 1 metro.

Estes satélites possuem um sistema de imagens SpaceView-24 construído pela Exelis da Harris Corp com uma abertura de 24 cm. Conseguem imagens do solo com uma resolução de 0,9 a 1,1 a uma altitude orbital de 500 km. São munidos de uma propulsão a bordo para 3 anos. Os satélites são construídos pela Spaceflight Services e são baseados no modelo SCOUT.

Os satélites operacionais Block 2 são caracterizados pelas suas melhorias em relação aos pioneiros Block 1. Têm painéis solares maiores e podem produzir imagens em quatro bandas e em modo pancromático. Cada um pode produzir 1000 imagens por dia, quer em modo de fotografia, quer em modo de vídeo.

Texto: Rui C. Barbosa

Lançamento

O foguetão Electron era colocado na sua posição vertical a T-4h 00m e iniciava-se o processo de abastecimento de querosene. O pessoal de apoio na plataforma de lançamento deixava a área a T-2h 30m e o abastecimento de oxigénio líquido (LOX) iniciava-se a T-2h 00m.

As autoridades de aviação locais eram informadas sobre o lançamento a T-30m para assim poderem avisar os aviadores naquele espaço aéreo. Os preparativos finais para o lançamento iniciam-se a T-18m. A sequência automática de lançamento inicia-se a T-2m, com o computador de bordo do Electron a tomar conta das operações. A ignição dos motores do lançador inicia-se a T-2s.

O foguetão abandona a plataforma de lançamento a T=0s, com uma ascensão lenta nas fases iniciais e ganhando velocidade à medida que ganha altitude. O final da queima do primeiro estágio termina a T+2m 27s e a sua separação ocorre quatro segundos mais tarde. A ignição do motor do segundo estágio ocorre a T+2m 34s. A separação da carenagem de protecção ocorre a T+3m 5s. A T+7m 26s ocorre a troca de baterias eléctricas que dão o impulso eléctrico necessário a ignição do motor Rutherford Vacuum.

Entretanto, a T+4m 40s o primeiro estágio inicia a descida em direcção ao oceano. A T+7m 37s são accionados os paraquedas auxiliares e a T+7m 48s o primeiro estágio torna-se subsónico. A T+8m 21s são accionados os paraquedas principais. Por volta dessa altura o helicóptero de recuperação começa o reconhecimento. A T+18m 30s ocorre a amaragem do primeiro estágio.

O segundo estágio atinge a órbita terrestre a T+10m 15s. A separação entre o segundo estágio e o estágio Curie ocorre e T+10m 23s. Entra-se neste momento numa fase não propulsionada de cerca de 40 minutos. O estágio Curie entra em ignição a T+51m 40s. O final da queima do estágio Curie ocorre a T+53m 14s. A separação dos satélites dá-se por volta de T+55m 00s.

Texto: Salomé T. Fagundes

O foguetão Electron

O Electron é um lançador a três estágios com um comprimento de 18 metros e um diâmetro de 1,2 metros. Tem uma massa de 13.000 kg no lançamento e é capaz de colocar em órbita terrestre baixa uma carga de 225 kg, sendo a sua carga nominal de 200 kg (a 500 km de altitude). Devido ao seu desenho e fabrico (fibra de carbono compósito e estrutura monocoque), o Electron é elaborado com altos níveis de automatização.

O lançador tira partido de materiais compósitos na sua fuselagem, tendo uma estrutura forte e super leve. Da mesma forma, os tanques de propolente são fabricados em materiais compósitos.

O primeiro estágio está equipado com nove motores Rutherford e tem uma capacidade de 162 kN, com um impulso específico de 311 s. O motor Rutherford consome querosene e oxigénio líquido, utilizando componentes impressos em 3D.

O motor Rutherford é um motor topo de gama que se alimenta de querosene e oxigénio líquido, e que foi especificamente projectado para o foguetão Electron utilizando um ciclo de propulsão inteiramente novo. Uma característica única deste motor são as turbinas eléctricas de alta performance que reduzem a sua massa e que substituem hardware por software. O motor Rutherford é o primeiro motor do seu tipo que utiliza impressão 3D nos seus componentes principais. Estas características são únicas no mundo para um motor de propelentes líquidos de alta performance alimentados por turbobombas eléctricas. O seu desenho orientado para a produção permitem que o Electron seja construído e os satélites lançados com uma frequência sem precedentes.

O segundo estágio do lançador é propulsionado por um motor derivado do motor Rutherford melhorado para uma excelente performance em condições de vácuo. É capaz de desenvolver 22 kN de força e um impulso específico de 343 s.

A sua carenagem tem um comprimento de 2,5 metros com um sistema de separação pneumático e por molas.

Lançamento Missão Veículo Lançador Data de Lançamento Hora

(UTC)

Carga
2020-F05 F13 Pics Or It Didn’t Happen 05/Jul/20 21:13 CE-SAT-1B

Flock-4e (1) a Flock-4e (5)

Faraday-1

2020-060 F14 I Can’t Believe It’s Not Optical 31/08/20 03:05:47 Sequoia
2020-077 F15 In Focus 28/Out/20 21:21 CE-SAT-2B

Flock-4e’ (1)

a

Flock-4e’ (9)

2020-085 F16 Return To Sender 20/Nov/20 02:20 Dragracer-A (Alchemy)

Dragracer-B (Augury)

BRO-2

BRO-3

SpaceBEE-22

a

SpaceBEE-45

APSS-1

Gnome Chomski

2020-098 F17 The Owl’s Night Begins 15/Dez/20 10:09:27 StriX-α
2021-004 F18 Another One Leaves The Crust 20/Jan/21 07:26  GMS-T
2021-023 F19 They Go Up So Fast 22/Mar/21 22:30 BlackSky-7 (BlackSky Global 9)

Centauri-3

Myriota-7

RAAF-M2 A

RAAF-M2 B

Gunsmoke-J (Jacob’s Ladder)

Veery Hatchling (Veery RL1 v0.1)

Pathstone

2021-F02 F20 Running Out of Toes 15/Mai/21 11:11 BlackSky-8 (BlackSky Global 10)

BlackSky-9 (BlackSky Global 11)

2021-068 F21 It’s A Little Chile Up Here 29/Jul/21 06:00 STP-27RM: Monolith
2021-106 F33 Love At First Insight 18/Nov/21 01:38:13 BlackSky-10 (BlackSky Global 12)

BlackSky-11 (BlackSky Global 13)

O Complexo de Lançamento LC-1 localizado na Península de Máhia, entre Napier e Gisborne, na costa Este de Ilha do Norte da Nova Zelândia. Este é o primeiro complexo orbital na Nova Zelândia e o primeiro complexo a nível mundial operado de forma privada.

Equipado com duas plataformas de lançamento, a localização remota do LC-1, e de forma particular o seu baixo volume de tráfego marítimo e aéreo, é um factor chave que permite um acesso sem precedentes ao espaço. A posição geográfica deste local permite que seja possível a uma grande gama de azimutes de lançamento – os satélites lançados desde Máhia podem ser colocados em órbitas com uma grande variedade de inclinações para assim proporcionar serviços em muitas áreas em torno do globo.

Texto e tabela: Rui C. Barbosa

Dados estatísticos e próximos lançamentos

– Lançamento orbital: 6135

– Lançamento orbital EUA: 1763 (28,74%)

– Lançamento orbital desde Onenui (Máhia): 22 (0,36% – 1,25%)

Os próximos lançamentos orbitais previstos são (hora UTC):

6136 – 19 Nov (0500:??) – Kodiak PSC, LP-3B – Rocket 3.3 (LV0007) – STP-27AD2

6137 – 20 Nov (0151:??) – Taiyuan, LC9 – Chang Zheng-4B – Gaofen-11 (03) (?)

6138 – 22 Nov (2350:??) – Jiuquan, LC? – ?? – ??

6139 – 24 Nov (0620:??) – Vandenberg SFB, SLC-4E – Falcon 9-129 (B1063.3) – DART, LICIACube

6138 – 24 Nov (1306:??) – Baikonur, LC31 PU-6 – 14A14-1b Soyuz-2.1b (Ya15000-054) – Progress MS-UM (M-UM) Prichal

6139 – 24 Nov (1600:??) – Xichang, LC2 – ?? – ??