Dnepr-1 lança Deimos-2 e vários outros satélites

Dnepr Deimos-21

Mais de 30 satélites foram lançados às 1911:17UTC do dia 19 de Junho de 2014 a partir da Base de Dombarovskiy, Yasny, pelo foguetão 15A18 Dnepr-1 (108) lançado a partir do Complexo de Lançamento LC370/13. A carga principal deste lançamento era o satélite espanhol Deimos-2 mas a bordo seguiram mais de três dezenas de satélites, nomeadamente o KazEOSat-2 (DZZ-MR); Hodoyoshi-3; Hodoyoshi-4; SaudiSat-4; AprizeSat-9; AprizeSat-10; Unisat-6; Tigrisat; AeroCube-6; ANTELSAT; Lemur-1; BRITE-CA 1 (CanX 3E); BRITE-CA 2 (CanX 3F); NanosatC-Br1; Duchifat-1; Perseus-M1; Perseus-M2; QB50P1; QB50P2; TabletSat-Aurora; BugSat-1 (Tita); POPSAT-HIP 1; PACE; POLYITAN; e onze satélites Flock-1c.

A missão decorreu sem problemas com os satélites a separarem-se do lançador como previsto (satélites mais pequenos foram transportados a bordo do satélite UniSat-6 e separaram-se posteriormente).

Em algumas missões os foguetões 15A18 Dnepr-1 são comercializados pela empresa russa ISC Kosmotras que foi criada em 1997 com o objectivo de desenvolver e levar a cabo a utilização operacional do sistema de lançamentos espaciais Dnepr baseado na tecnologia do míssil balístico intercontinental SS-18, eliminado de acordo com o tratado de redução de armamentos nucleares START.

A múltipla carga a bordo do Dnepr-1

deimos-2__1O satélite Deimos-2 recebe o lugar de destaque por entre as cargas transportadas nesta missão. Este é um satélite espanhol de observação da Terra que transporta uma carga de observação com uma resolução de 75 cm desenvolvida pela empresa sul-coreana Satrec Initiative. As imagens obtidas terão uma largura de 12 km e o dispositivos é capaz de executar observações em ângulos de 30º para ambos os lados em relação à direcção da trajectória orbital, sendo capaz de aumentar esse ângulo até 45º caso seja necessário.

A empresa governamental espanhola Inta levou a cabo a integração do satélite que tem uma massa de 300 kg. O satélite é baseado na plataforma SI-300 e está equipado com um sistema de propulsão eléctrica de efeito Hall. A energia é fornecida através de quatro painéis solares e é armazenada em baterias internas.

O Cazaquistão está a utilizar a mais recente tecnologia de observakazeosat-2__1ção terrestre proporcionada pela empresa europeia EADS Astrium e pela sua subsidiária SSTL para criar um sistema nacional que irá apoiar o seu governo com a monitorização e gestão de recursos, mapeamento do uso dos solos e informação de monitorização ambiental para decisões políticas. O novo sistema de satélites de recursos terrestres inclui um veículo de mapeamento de alta resolução e um veículo de varrimento de média resolução implementados pelas equipas das referidas empresas europeias.

O satélite KazEOSat-2 (anteriormente denominado MRES – Medium Resolution Earth Observation Satellite) irá obter imagens multi-espectrais de largo varrimento do território daquele país e de outras áreas da superfície terrestre. Com uma massa de 185 kg no lançamento, o satélite tem a capacidade de observar e transmitir um milhão de quilómetros quadrados por dia, com uma excepcional capacidade de orientação do seu sistema de observação para um satélite da sua classe. O satélite foi desenvolvido pela SSTL e é baseado na plataforma SSTL-150+.

tabletsat-aurora__1O satélite Tablesat-Aurora (ТаблетСат-Аврора), na imagem ao lado, foi desenvolvido pela companhia russa Sputnix como um satélite de demonstração tecnológica e de observação da Terra. O satélite tem uma massa de 25 kg e é baseado na plataforma TabletSat-2U-EO, estando equipado com seis painéis solares e baterias internas para o armazenamento de energia. A bordo seguem câmaras fotográficas e de vídeo pancromáticas que operam entre os 430 nm e os 950 nm, obtendo imagens da superfície terrestre com uma resolução de 15 metros e uma largura de 47 km.

O SaudiSat-4 (em baixo à direita) é um satélite de demonstração tecnológica da Arábia Saudita desenvolvido pelo KACST (King Abdulaziz City for Science & Technology). O satélite, com uma massa de 100 kg, transporta uma experiência desenvolvida em conjunto com a NASA para o controlo das cargas acumuladas em massas de voo livre e que são críticas para a operacionalidade dos sensores de referência gravitacional em veículos espaciais livres de atrito. Estes sensores são essencialmente acelerómetros muito precisos que permitem ao satélite voar numa órbita definida somente pela gravidade e não ser afectado pela pressão solar e pelo atrito atmosférico. Asaudisat-4__1 sua performance é limitada em parte pela acumulação de cargas na sua massa em voo livre. Um sistema de LED ultravioletas remove esta carga ao fazer incidir luz ultravioleta na massa de teste criando assim uma nuvem de electrões através de fotoemissão. O nível de descarga é controlado com eléctrodos.

A argentina Satellogic S.A. projectou o micro-satélite BugSat-1 ‘Tita’. Esta é uma missão de demonstração tecnológica utilizando uma plataforma que no futuro será utilizada para satélite de observação da Terra. O BugSat-1 tem uma massa de 22 kg e as suas dimensões são 0,275 x 0,500 x 0,500 metros.

A missão do BugSat-1 é a de testar vários componentes entre os quais três antenas, um sistema de observação de médio resolução, um receptor GPS, um sistema de rádio UHF tendo por base componentes COTS e um rádio de banda-C tendo por base componentes COTS projectados para a operação no solo.

O satélites AprizeSat (anteriormente designados LatinSat) são desenvolvidos pela SpaceQuest e irão formar uma constelação de 64 veículos em órbita para fornecer um sistema de comunicações global para a transmissão de dados, além do rastreamento e monitorização de bens. Os satélites AprizeSat têm uma massa de 12 kg. Nesta missão foram lançados os satélites Aprizesat-9 e AprizeSat-10.

O UniSat-6 (University Satellite-6) é o sexto satélite desenvolvido pelo grupo GAUSS  (Astrodynamic Group of University ”La Sapienza”) que é composto por professores e estudantes da Escola de Engenharia Aeroespacial da Universidade ‘La Sapienza’ de Roma. Este satélite é semelhante ao UniSat-5 e a sua principal missão é a de testar equipamento desenvolvido localmente e proporcionar o treino necessário para os professores e estudantes em engenhos deste tipo.

A bordo do UniSat-6 viajam os CubeSats Tigrisat, Lemur-1, ANTELSAT e AeroCube-6. O Unisat-6 tem uma massa de 28 kg e está equipado com quatro painéis solares para o fornecimento de energia que é armazenada em baterias internas.

tigrisat__1O Tigrisat (imagem ao lado) é um Cubesat-3U iraquiano que foi construído pelos estudantes da Universidade ‘La Sapienza’ de Roma e tem como objectivo detectar tempestades de areia sobre o Iraque. O pequeno satélite está equipado com uma câmara RGB contendo um algoritmo para a detecção de poeiras. O satélite tem uma antena VHF/UHF para telemetria de telecomandos, um farol e uma antena de banda-S. Dispositivos magnéticos embebidos nos painéis solares fornecem controlo de atitude para permitir uma orientação para o nadir. O satélite irá transmitir imagens para o solo que serão recebidas por estações localizadas em Roma e Bagdad. O satélite tem uma massa de 3 kg e está coberto de células solares para o fornecimento de energia que é armazenada em baterias internas.

O Lemur-1 é um CubeSat-3U que foi construído pela NanoSatisfi Inc. e cuja missão principal é a demonstração tecnológica de várias cargas científicas, além de transportar duas cargas de observação da Terra. A sua carga principal é um sistema de observação electro-óptico que opera em luz visível com uma resolução no solo de cerca de 5 metros. A sua carga secundária é um sistema de observação de baixa resolução de infravermelhos com uma resolução de cerca de 1 km. O satélite tem uma massa de 4 kg e está coberto de células solares para o fornecimento de energia que é armantelsat__1azenada em baterias internas.

O ANTELSAT (imagem ao lado) é um CubeSat-2U uruguaio desenvolvido pela Facultad de Ingeniería de la Universidad de la República (FING), pela Faculdade Estatal de Engenharia e pelo serviço nacional de fornecimento de telecomunicações do Uruguai, ANTEL. Este satélite tem um objectivo educacional e de demonstração tecnológica. O satélite deverá transmitir imagens a cores e em infravermelhos da superfície terrestre e proporcionar vários serviços aos rádio-amadores. O satélite, com uma massa de 2 kg, está equipado com um sistema de determinação de atitude utilizando magnetómetros e foto-detectores e utiliza um sistema de controlo activo dos 3 eixos espaciais através de magnetorques. A energia é fornecida através de células solares montadas em todas as faces do satélite, excepto no lado nadir.

O pequeno AeroCube-6 é um CubeSat-1U com uma massa de 1 kg desenvolvido para levar a cabo pesquisas tecnológicas, sendo operado pela Aerospace Corporation. Este satélite representa um grande avanço no programa com a introdução de uma nova estrutura para um cubesat além de melhorias técnicas. O satélite está equipado com um conjunto de dosimetros para a medição de radiação no ambiente espacial. O satélite está coberto de células solares para o fornecimento de energia que é armazenada em baterias internas.

O satélite Hodoyoshi-3 é um satélite experimental de observação da Terra que foi construído pela Universidade de Tóquio e tem uma massa de 60 kg. A bordo transporta um sistema de observação com uma resolução de 40 metros e 200 metros. Além disso, transporta uma carga de transmissão de mensagens e outras experiências. Por seu lado, o satélite Hodoyoshi-4 tem uma massa de 66 kg e é também um satélite de observação da Terra, mas tendo uma resolução de 5 metros. Ambos os satélites estão equipados com dois painéis solares para o fornecimento de energia que é armazenada em baterias internas.

canx-3__1O CanX-3 (Canadian Advanced Nanospace eXperiments), também designado como BRITE (BRIght-star Target Explorer), tem como objectivo a realização de observações fotométricas de algumas das estrelas mais brilhantes para analisar a sua variabilidade. As observações terão uma precisão pelo menos 10 vezes melhor do que a que é conseguida utilizando observações feitas a partir do solo. O satélite BRITE-CA 1 (BRITE-Toronto, CanX 3E) tem uma massa de 10 kg, tal como o satélite BRITE-CA 2 (BRITE-Montreal, CanX 3F) com uma missão semelhante (imagem ao lado).

Os dois satélites Perseus-M (Perseus-M1 e Perseus-M2) são pequenos satélites de vigilância marítima desenvolvidos pela companhia norte-americana Canopus Systems US, subsidiária da empresa russa Dauria Aerospace. Os satélites são baseados na plataforma CubeSat-6U e estão equipados com o receptor Automatic Identification System (AIS)  similar ao que foi utilizado no satélite DX-1.

O POPSAT-HIP 1 é um CubeSat-3U com uma massa de 3 kg construído pela Microspace Rapid Pte Ltd., Singapura. O satélite tem como objectivo demonstrar a funcionalidade de uma carga óptica de alta-resolução e de um sistema de propulsão de controlo de atitude num satélite da classe CubeSat.

Os satélites QB50P1 e QB50P2 são os dois satélites percursores deste projecto que tem por objectivo demonstrar a fiabilidade do lançamento de uma rede de 50 satélites  construídos por equipas universitárias em todo o mundo como uma carga principal num veículo lançador de baixo custo e para realizar experiências científicas na baixa termosfera. Os dois satélites são CubeSat-2U e têm uma massa de 2 kg. O QB50P1 irá testar a carga Set 1 (INMS) enquanto que o QB50P2 irá testar a carga Set 2 (INMS), ambas desenvolvidas pela MSSL do Reino Unido.

A constelação de satélites de observação terrestre Flock-1c é construída e operada pela Planet Labs (anteriormente Cosmogia Inc.). Os satélites fornecem imagens com uma resolução de 3 a 5 metros e operam em órbitas a 620 km de altitude. Cada satélite é do tipo CubeSat-3U e tem uma massa de 5 kg. A bordo desta missão são lançados 11 satélites Flock-1c.

pace__1O Cubesat-2U PACE (Platform for Attitude Control Experiment), imagem ao lado, é um projecto da Universidade Nacional Cheng Kung (Taiwan). O principal objectivo da missão é o de levar a cabo experiências de controlo de atitude utilizando vários tipos de sensores de atitude e actuadores que estão integrados no satélite para permitir uma avaliação de diferentes estratégias de controlo de atitude. As suas dimensões são 0,112 x 0,112 x 0,243 metros e tem uma massa inferior a 2 kg.

O satélite DTUSat-2 (Danmarks Tekniske Universitet Satellite 2) é um satélite dinamarquês baseado no modelo CubeSat-1U para demonstrar o seguimento dos pássaros a partir do espaço. O sistema de seguimento foi desenvolvido por estudantes e professores da Universidade Técnica da Dinamarca e é composto por um segmento no solo que inclui um transmissor de rádio em miniatura a ser colocado nos pássaros antes da migração, e um segmento espacial que inclui um receptor no satélite. O sistema irá fornecer dados GPS sobre a localização dos pássaros. A massa do satélite é de 1 kg.

O pequeno PolyITAN-1 é um Cubesat-1U projectado e construído pela Universidade Nacional Técnica da Ucrânia em cooperação com a comunidade ucraniana de rádio-amadores. Esta é uma missão educacional com o satélite a ser desenvolvido pelo estudantes universitário e por entusiastas da exploração espacial. A massa do satélite é de 1 kg.

O satélite Duchifat-1 é um CubeSat-1U experimental e educacional desenvolvido e construído por estudantes do ensino secundário no Laboratório Espacial do Centro de Ciência de Herzliya, Isreal. O principal objectivo do satélite é o de transmitir informação em tempo real utilizando o protocolo Automatic Position Reporting System (APRS). O satélite irá transmitir uma grande variedade de informação incluindo pequenas mensagens de texto e dados de telemetria. A massa do satélite é de 1 kg.

O NanoSatC-Br 1 é o primeiro de Cubesat desenvolvido no Brasil. O objectivo do satélite é o de fornecer uma monitorização da magnetosfera terrestre ao medir o campo magnético sobre o território brasileiro e estudar o fenómeno magnético conhecido como a ‘Anomalia do Atlântico Sul’ e a ‘Ejecção Eléctrica Equatorial’. O satélite está equipado com um magnetómetro e e um dosímetro para medir a precipitação de partículas. O NanoSatC-Br 1 é um CubeSat-1U com uma massa de 1 kg.

DneprO foguetão Dnepr

A resposta soviética ao sistema anti-míssil americano surgiu com o míssil balístico intercontinental R-36M2, também conhecido como SS-18 Satan (ou 15A18). O míssil também era conhecido com o nome Voevoda (que significa líder de um exército, numa óbvia referência ao seu papel). No entanto o R-36M2 foi colocado em serviço num número limitado de unidades devido ao final da Guerra-Fria.

Em Julho de 1979 são emitidas as especificações técnicas e tácticas para um míssil balístico intercontinental de quarta geração com o objectivo de substituir o míssil R-36MUTTKh e que fosse capaz de derrotar o futuro escudo de defesa espacial americano. Em Junho de 1982 o projecto encontrava-se pronto e apresentava motores melhorados e mais resistentes a ataques nucleares. O projecto para o novo motor RD-274 era finalizado em Dezembro de 1982 e o desenvolvimento do motor é concluído em Maio de 1985, sendo o desenho transferido para a Yuzhnoye para futura produção.

O decreto formal que autoriza o desenvolvimento do míssil é emitido a 9 de Agosto de 1983 e nele se inclui o motor RD-0255 do estágio superior e os quatro motores vernier do segundo estágio. O míssil teria um novo sistema de lançamento a gás frio e os ensaios do veículo contendo o sistema de lançamento de múltiplas ogivas 15F173 teve início a 23 de Março de 1986.

O primeiro lançamento foi um desastre total quando o sistema de lançamento a gás foi activado e o resto da sequência de lançamento falhou, resultando na explosão do míssil no silo de lançamento. A explosão fez com que a cobertura com um peso de 100.000 kg fosse projectada no ar e criando uma enorme cratera no Complexo de Lançamento LC101 em Baikonur. Foi impossível executar qualquer trabalho de reparação no silo.

Em Maio de 1986 foi decidido que o sistema de transporte de uma única ogiva 15F175, de fabrico russo, fosse utilizado em vez do sistema 15F173 que era de origem ucraniana. Os testes com o sistema 17F173 foram finalizados em Março de 1988 enquanto que os testes do sistema 17F175 foram iniciados em Abril de 1988 e finalizados em Setembro de 1989. Finalmente a 11 de Agosto de 1988 o míssil R-36M2 e o sistema de lançamento 17F173 foram aceites para serviço, enquanto que o sistema 17F175 era aceite a 23 de Agosto de 1990.

O R-36M2 utilizava um sistema de consumo de propolente que minimizava os resíduos, proporcionando um impulso total de 8.800 kg (igualando o míssil americano Peacekeeper). A versão equipada com ogivas múltiplas poderia transportar até 36 ogivas com alvos distintos, apesar de somente haver sido planeado utilizar 10 ogivas em serviço. As ogivas eram colocadas numa estrutura especial formando dois ‘círculos de morte’. O módulo de pós-propulsão possuía quatro câmaras orientáveis que funcionavam de forma contínua durante a separação das ogivas. O míssil possuía também um novo conjunto de contra medidas que eram consideradas mais adequadas para enfrentar o sistema anti-míssil americano. O seu sistema de orientação era inercial e era resistente ás radiações nucleares ou aos feixes de partículas, podendo ser lançado mesmo após a ocorrência de deflagrações nucleares nas proximidades dos silos. O sistema de orientação estava equipado com sensores para detectar raios gama e fluxões de neutrões, manobrando o veículo durante a ascensão e afastando-o das explosões nucleares. Todo o veículo encontrava-se protegido por um escudo resistente ao calor, explosões ou raios laser.

No total foram construídos 190 mísseis R-36M2, com a Yuzhnoye a desenvolver programas de melhoria dos veículos de forma a prolongar a sua vida útil. No entanto o R-36M2 deveria ser eliminado de acordo com os tratados de redução de armas nucleares START-2. Em 1992 foi dado início à substituição dos R-36M2 pelos mísseis Topol-M e por volta de 1998 somente existiam 58 silos equipados com os velhos mísseis. A Rússia viu-se assim com um excedente de 150 unidades de R-36M2 que deveriam ser destruídos até 2007, porém foi decidido transformar os mísseis no lançador orbital Dnepr.

Durante os anos 90 uma variedade de versões civis dos mísseis R-36M e R-36M2 foram apresentados como lançadores orbitais comerciais. Estes lançadores utilizavam versões civis dos módulos de transporte de ogivas permitindo o lançamento de múltiplos satélites. Os mísseis que seriam utilizados sem qualquer modificação foram apresentados como RS-20K Konversaya.

A versão Dnepr apresentava modificações nos mísseis incluindo a conversão do veículo num lançador a oxigénio líquido e querosene que utilizava uma plataforma de lançamento em lugar de um silo subterrâneo. Ao contrário do que se pensava o interesse comercial neste tipo de lançadores orbitais foi muito reduzido e a designação Dnepr acabou por ser aplicada a todos os veículos descendentes do R-36M2 lançados a partir de silos em Baikonur.

O Dnepr tem um peso de 211.000 kg, sendo capaz de transportar uma carga de 4.500 kg para uma órbita a 200 km de altitude com uma inclinação de 46,2º em relação ao equador terrestre, ou então uma carga de 3.200 kg para uma órbita a 390 km de altitude com uma inclinação de 51,6º. Tem um comprimento de 42,30 metros e um diâmetro de 3,00 metros, tendo uma envergadura de 3,05 metros.

O veículo utiliza propolentes armazenáveis N2O4 / UDMH nos três estágios, estando o primeiro estágio equipado com um motor RD-274 e o segundo estágio equipado com um motor RD-0225.

O Dnepr é capaz de colocar as suas cargas em órbita com uma precisão de +/- 4,0 km no que diz respeito à altitude orbital e +/- 0,04º no que diz respeito à inclinação orbital, podendo ser lançado para inclinações orbitais de 50,5º; 64,5º; 87,3º e 98,0º. A sua fiabilidade actual é de 97%. Este lançador pode ser referido com uma variedade de nomes nomeadamente: RS-20K, Ikar e 15A18M2.

O Dnepr é ejectado por meio de pressão a gás a partir do seu silo subterrâneo com o motor do primeiro estágio a entrar em ignição após o míssil abandonar o silo.

Dnepr siloredux

Dados estatísticos

– Lançamento orbital: 5368

– Lançamento orbital com sucesso: 5020

– Lançamento orbital Rússia: 3137

– Lançamento orbital Rússia com sucesso: 2984

– Lançamento orbital desde Dombarovskiy: 8

– Lançamento orbital desde Dombarovskiy com sucesso: 8

A seguinte tabela mostra os totais de lançamentos executados este ano em relação aos previstos para cada polígono à data deste lançamento: 1ª coluna – lançamentos efectuados (lançamentos fracassados); 2ª coluna – lançamentos previstos à data; 3ª coluna – satélites lançados:

Baikonur – 9 (1) / 29 / 11

Plesetsk – 4 / 12 / 6

Dombarovskiy – 1 / 4 / 37

Cabo Canaveral AFS – 7 / 22 / 12

Wallops Island MARS – 1 / 3 / 34

Vandenberg AFB – 1 / 6 / 1

Kauai TF – 0 / 1 / 0

Jiuquan – 1 / 2* / 1

Xichang – 0 / 6* / 0

Taiyuan – 0 / 3* / 0

Tanegashima – 2 / 5 / 13

Kourou – 4 / 14 / 8

Satish Dawan, SHAR – 2 / 5 / 2

Odyssey – 1 / 1 / 1

Palmachim – 1 / 1 / 1

* Valores não precisos

Dos lançamentos bem sucedidos levados a cabo: 39,4% foram realizados pela Rússia; 27,3% pelos Estados Unidos (incluindo ULA, SpaceX e Orbital SC); 3,0% pela China; 12,1% pela Arianespace; 6,1% pelo Japão, 6,1 % pela Índia, 3,0% por Israel e 3,0% pela Sea Launch.

Os próximos lançamentos orbitais previstos são (hora UTC):

20 Jun (2208:00) – Falcon-9 v1.1 (F-5) – Cabo Canaveral AFS, SLC-40 – Orbcomm-G2 (x6)

23 Jun (0420:00) – PSLV-C23 (PSLV-CA) – Satish Dawan SHAR, FLP – SPOT-7; NLS-7.1 (CanX-4); NLS-7.2 (CanX-5); AISSat; Micro-satélite de Singapura

01 Jul (0956:00) – Delta-II 7320-10C – Vandenberg AFB, SLC-2W – OCO-2

01 Jul (????:??) – Antares-120 – MARS Wallops Island, LP-0A – Cygnus Orb-2 (CRS2)

04 Jul (1237:27) – 14A05 Rokot/Briz-KM (4929794555/72522) – GIK-1 Plesetsk, LC133/3 – Gonets-M n.º 18; Gonets-M n.º 19; Gonets-M n.º 20; DOSAAF-85



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