ULA lança WGS-6

Launch of Delta IV WGS-6, August 7, 2013 from Cape Canaveral AFS

A ULA (United Launch Alliance) levou a cabo o lançamento do satélite de comunicações militares WGS-6 para a Força Aérea dos Estados Unidos às 0029UTC do dia 8 de Agosto de 2013. O lançamento foi levado a cabo pelo foguetão Delta-IV-M+(5,4) (D363) a partir do Complexo de Lançamento SLC-37B do Cabo Canaveral AFS.

O satélite separou-se do ultimo estágio do foguetão lançador às 0110UTC e irá receber a designação militar USA-244.

Os satélites WGS são veículos que foram desenvolvidos para aumentar os serviços de comunicações de defesa que são proporcionados pelos satélites DSCS (Defense Satellite Communications System) e pelo Global Broadcasting Service, bem como para proporcionar uma nova capacidade de comunicações em banda Ka em apoio das forças militares norte-americanas nos diferentes teatros de guerra. Em comparação um só satélite WGS é capaz de fornecer a mesma capacidade de largura de banda que a totalidade da constelação de satélites DSCS. O novo sistema é capaz de transmitir informação entre 2,5 Gbits e 3,3 Gbits por segundo, isto é 10 vezes mais rápido do que os satélites DSCS.

A necessidade de uma grande quantidade de largura de banda tem vindo a aumentar ao longo dos anos por parte dos militares norte-americanos. Esta necessidade vai desde a transmissão de grandes quantidades de vídeo obtido pelos veículos UAV no Iraque e no Afeganistão, até a uma crescente dependência entre as altas patentes militares na tele-conferência em todo o globo.

O programa denomina-se Wideband Gapfiller Satellites porque em tempos foi visto como uma capacidade interina entre os satélites DSCS e o sistema Advanced Extremely High-Frequency (AEHF) que irá substituir os satélites Milstar.

O sistema WGS é utilizado por todos os serviços militares e é baseado no modelo do satélite comercial Boeing 702. Fontes da Boeing referem que este modelo possui características que permitem ao operador detectar a presença de interferências para assim tomarem contra medidas para preservar as comunicações. Enquanto que os satélites WGS oferecem uma maior protecção contra as interferências em comparação com um satélite comercial típico, não permitem no entanto as capacidades de encriptação da informação dos satélites Milstar. A encriptação dos dados e posterior desencriptação são levadas a cabo pelos terminais terrestres. Os WGS permitem, porém, a transmissão de dados encriptados.

O sistema tem muitas aplicações proporcionando serviços essenciais de comunicações para os comandantes no terreno de combate e para as unidades tácticas e permite também o envio de mensagens tais como correio electrónico.

Para além de suplantar as comunicações em banda X (os satélites operam na zona dos 500 MHz da banda X e na zona de 1 GHz da banda Ka, encaminhando a informação numa largura de banda instantânea de 4,875 GHz) fornecidas pelos satélites DSCS, os satélites WGS adicionam a flexibilidade das comunicações em banda Ka. A capacidade de cada satélite de encaminhar as comunicações a partir de qualquer destes espectros de frequências para qualquer outro a bordo, é em si uma nova capacidade para os utilizadores militares. No passado as unidades militares tinham dificuldades quando tentavam comunicar com outras unidades utilizando diferentes sistemas. Os satélites WGS ajudam a resolver esses problemas enquanto aumentam as capacidades de todo o sistema, proporcionando uma melhor capacidade de encriptação e uma maior densidade de espectro onde se pode enviar muito mais informação.

Cada satélite pode servir cerca de vinte áreas diferentes de cobertura. Pode provar até oito ligações orientáveis e ligações em banda X formadas por antenas de transmissão / recepção, podendo também projectar dez ligações em banda Ka por parte de antenas diplexed, incluindo com antenas com polarização RF seleccionáveis.

As capacidades de transmissão de vídeo pelos satélites WGS são semelhantes às capacidades já desenvolvidas para a indústria de satélites para a transmissão DTH (Direct-To-Home). Porém, os satélites WGS proporcionam a encriptação para imagens das localizações inimigas em tempo real. Os comandantes de unidade obtêm assim um acesso de Internet seguro e tele-conferência com os seus superiores enquanto se deslocam de e para os teatros de operações.

Os satélites WGS tem uma vida útil de 12 anos, porém o primeiro WGS excedeu em muito todos os parâmetros do programa incluindo 25% mais capacidade de envio de informação (downlink) e uma maior flexibilidade de atenuação para as interferências devido às condições atmosféricas. O primeiro lançamento foi tão preciso que se espera que a vida útil do satélite seja prolongada em 7 anos, alargando o tempo médio de operação para os 19 anos.

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Para além das capacidades básicas dos satélites WGS Block I, os satélites do programa WGS Block II possuem um canal para transmissões para a inteligência não tripulada aerotransportada e para aviões de vigilância e reconhecimento. Um bypass de radiofrequência será utilizado para ligar os UVA em paralelo com os dados através do principal canalizador de informação.

O aparecimento dos WGS ilustra a forma como os militares beneficiam da evolução por parte da comunidade civil em avanços tais como os utilizadores móveis, multi-transmissão de vídeo e voz nos protocolos de serviço de Internet. A aquisição no ano 2000 do negócio de satélites da Hughes Electronic’s por parte da Boeing, trouxe o que então era a maior base de clientes comerciais. Ironicamente, a evolução da indústria comercial na utilização de mais redes terrestres, tais como fibras ópticas, e o facto de os satélites comerciais terem mais tempos de vida úteis, tem vindo a reduzir a demanda anual. As vendas da Boeing para os utilizadores governamentais e militares chegaram a atingir os 90%, sendo metade deste valor relativo a missões classificadas.

Porém, a capacidade da indústria comercial no desenvolvimento de novas aplicações continua a orientar o mercado e faz com que as transferências de utilizações civis para militares sejam um elemento importante na estratégia dos contratos. Por exemplo, as comunicações de Internet, dados, voz, vídeo e aplicações multi-média de alta velocidade que a Boeing desenvolveu para o satélite Spaceway-F3 (da Hughes Network System’s) influenciaram os avanços para os satélites WGS e para o contrato TSAT (Transformational Satellite) da Boeing com a Força Aérea dos Estados Unidos.

Os satélites WGS têm uma massa de 5.897 kg e possuem dois conjuntos de painéis solares com uma envergadura de 48 metros.

Os satélites WGS-4, WGS-5 e WGS-6 fazem parte da segunda série (Block II). A 23 de Agosto de 2010 foi atribuído à Boeing por parte da Força Aérea dos Estados Unidos um novo contrato para iniciar o trabalho num sétimo satélite WGS. Este novo satélite deverá ser construído no âmbito de um contrato de seguimento à construção dos três satélites anteriores e eventualmente poderá incluir uma opção de construção de até seis novos satélites.

Esta foi a 5294ª tentativa de lançamento orbital das quais 4951 foram bem sucedidas, sendo a 678ª tentativa de lançamento orbital desde o Cabo Canaveral (com 622 lançamentos bem sucedidos) e a 1558ª tentativa por parte dos Estados Unidos (dos quais 1430 foram bem sucedidas).

Para 2013 estão agora previstos 99 lançamentos orbitais. A seguinte tabela mostra os totais de lançamentos executados este ano em relação aos previstos para cada polígono (entre parêntesis estão os lançamentos fracassados se for o caso):

Baikonur – 14 (1) / 26

Plesetsk – 3 / 11

Dombarovskiy – 0 / 2

Cabo Canaveral AFS – 7 / 14

Wallops Island MARS – 1 / 3

Vandenberg AFB – 2 / 5

Kauai – 0 / 1

Jiuquan – 3 / 4*

Xichang – 1 / 3

Taiyuan – 1 / 7*

Tanegashima – 2 / 3

Kagoshima – 0 / 1

Kourou – 5 / 9

Satish Dawan, SHAR – 2 / 4

Sohae – 0 / 1*

Semnan – 1 (1?)* / 4*

Naro – 1 / 1

Odyssey – 1 (1) / 1

* Valores incertos

Dos lançamentos bem sucedidos levados a cabo 39,0% foram realizados pela Rússia; 24,4% pelos Estados Unidos (incluindo ULA, SpaceX e Orbital SC); 12,2% pela China; 12,2% pela Arianespace; 4,9 % pela Índia; 4,9% pelo Japão; e 2,4% pela Coreia do Sul.

Os próximos cinco lançamentos orbitais previstos são:

19 Ago (1130:00) – GSLV-D5 – Satish Dawan SHAR, Ilha de Sriharikota – GSAT-14

22 Ago (0430:00) – Epsilon E-X – Uchinoura, Kagoshima – SPRINT-A

22 Ago (????:??) – 15A18 Dnepr-1 (5107681112) – Dombarovskiy, LC13 – KOMPSat-5

28 Ago (????:??) – Delta-IV Heavy (D364) – Vandenberg, SLC-6 – NROL-65

29 Ago (????:??) – Ariane-5ECA (VA215) – CSG Kourou, ELA3 – Eutelsat 25B/Eurobird 2A/Eshail; GSAT-7

Imagem: ULA