Rússia perde novo satélite meteorológico

A Rússia levou a cabo o lançamento do novo satélite meteorológico Meteor-M (2-1) às 0541:45,965UTC do dia 28 de Novembro de 2017. O lançamento foi levado a cabo pelo foguetão Soyuz-2-1B/Fregat (N15000-001/122-04) a partir do Complexo de Lançamento LC-1S do Cosmódromo de Vostochniy. Infelizmente, o lançamento não foi bem sucedido.

As fases iniciais do lançamento decorreram como previsto, com o primeiro estágio a separar-se pelas 0543:44UTC, seguindo-se a separação da carenagem de protecção às 0545:33UTC. A separação do segundo estágio ocorria às 0546:33UTC e a separação do terceiro estágio (Blok-I) teve lugar às 0551:09UTC.

A primeira queima do estágio Fregat-M teve lugar às 0552:09UTC. Porém, nesta altura terá ocorrido um problema que resultou de um erro humano e que levou o Fregat-M a accionar os seus motores na direcção errada. Em resultado deste erro, todos os satélites foram perdidos.

A sua segunda queima deveria ocorrer às 0640:10UTC, colocando o conjunto na órbita na qual a separação do satélite Meteor-M (2-1) deveria ter lugar às 0642:08 (perigeu a 788,9 km, apogeu a 828,7 km e inclinação orbital de 98,57º).

A terceira queima do estágio Fregat-M deveria ocorrer entre as 0721:01UTC e as 0721:24UTC. A separação do satélite Idea OSG-1 (ASTROSCALE) ocorreria entre as 0801:43UTC e as 0805:03UTC, ficando colocado numa órbita com um perigeu a 581,6 km de altitude, apogeu a 814,2 km de altitude e inclinação orbital de 97,95º.

A quarta queima do estágio Fregat-M deveria ocorrer entre as 0813:21UTC e as 0813:37UTC. A separação do satélite Baumanets-2 ocorreria às 0815:17UTC, ficando colocado numa órbita com um perigeu a 592,7 km de altitude, apogeu a 600,1 km de altitude e inclinação orbital de 97,76º.

A separação dos satélites SEAM, AISSat-3, Corvus-BC 1 (Landmapper-BC 1), Corvus-BC 2 (Landmapper-BC 2), D-Star One e dos dez satélites Lemur-2, ocorreria entre as 0820:00UTC e as 0835:00UTC. Estes satélites ficaríam colocados numa órbita com um perigeu a 583,9 km de altitude, apogeu a 601,8 km de altitude e inclinação orbital de 97,76º.

O estágio Fregat-M realizaria duas novas queimas entre as 0859:21UTC e as 0859:44UTC, e entre as 0950:01UTC e as 0950:46UTC, colocando na órbita na qual o satélite LEO Vantage-2 se separaria às 0954:06UTC (perigeu a 996,8m, apogeu a 1.002,2 km e inclonação orbital de 99,46º).

Terminada a sua missão, o Fregat-M realizaria uma última queima entre as 1042:41UTC e as 1043:19UTC, preparando-se para a sua reentrada atmosférica que ocorreria pelas 1116:57UTC sobre o Oceano Pacífico.

O Meteor-M (2-1) e os outros satélites

Com uma massa de 2.750 kg no lançamento, o satélite meteorológico Meteor-M (2-1) (Метеор-М №2-1) é o terceiro numa série de satélites desenvolvidos para substituir os satélites Meteor-3M. O satélite foi desenvolvido pela NPP VNIIEM e a bordo transporta os seguintes instrumentos: o espectrómetro de infravermelhos de Fourier (IKFS-2), o radiómetro de alta-resolução VIS/IR (KMSS), o radiómetro de observação VIZ/IR (MSU-MR), o radiómetro de observação e sondagem de microondas (MTVZA-GY), o sistema de transmissão e recolha de dados (SSPD), e o sistema de busca e salvamento S&RSAT. O Meteor-M (2-1) deverá operar durante 5 anos.

Os restantes satélites lançados foram o Baumanets-2, SEAM, AISSat-3, LEO Vantage-2, D-Star One, Idea OSG-1, Corvus-BC-3 (Landmapper-BC-3), Corvus-BC-4 (Landmapper-BC-4) e vários satélites Lemur-2.

O Baumanets-2 (Бауманец-2) foi desenvolvido pela Universidade Técnica Estatal de Moscovo ‘Bauman’ e é um satélite científico experimental que utiliza uma nova plataforma. O satélite tem uma forma hexagonal com um comprimento de 0,53 metros e um diâmetro de 0,46 metros. A bordo transporta uma câmara de observação de detecção remota capaz de obter imagens com uma resolução de 30 metros. Todos os equipamentos a bordo foram desenvolvidos e fabricados pelos alunos da Universidade Técnica Estatal ‘Bauman’.

O satélite terá como missão a detecção remota da superfície terrestre, a medição da atenuação do sinal do satélite a partir de vários ângulos, a transmissão de dados através da rede global Globalstar, teste do computador de bordo durante a missão, o teste do motor de resistência térmica para correcção orbital e a realização de uma experiência de radiação desenvolvida pelos alunos da Universidade de Montpellier-2.

O satélite SEAM (Small Explorer for Advanced Missions) é um CubeSat-3U com uma massa de 4 kg resultante de um projecto de colaboração que teve como objectivo o desenvolvimento, a construção, o lançamento e a operação de um nanossatélite para a medição de campos magnéticos e eléctricos na ionosfera da Terra. O satélite foi desenvolvido e será operado pelas empresas KTH, ÅAC Microtec, ECM, LEMI, Space BLE, GOMSpace, SSC e Kayser Italia, provenientes de cinco países Europeus.

O projecto permitiu o desenvolvimento de uma plataforma avançada para missões científicas, permitindo a participação de pequenas e médias empresas que proporcionaram novas soluções para o mercados dos pequenos satélites. O objectivo do SEAM é o de contribuir para três áreas científicas ao proporcionar medições de alta-resolução de três componentes DC e AC do campo magnético e uma componente AC do campo eléctrico na ionosfera para a caracterização dos actuais sistemas de auroras, monitorização das ondas naturais de VLF e ELF, e a observação de ondas VLF e ELF antropogénicas.

O AISSat-3 é um nanossatélite com uma massa de 6,5 kg construído para a Noruega pela UTIAS/SFL, tendo como missão principal a investigação da fiabilidade e performance de um sensor do sistema AIS (Automatic Identification System) a bordo de um satélite numa órbita terrestre baixa como meio de seguimento dos bens marítimos, e a integração dos dados AIS num sistema nacional de seguimento de embarcações. O satélite será operado pela Norsk Romsenter.

Tal como os seus antecessores, o AISSat-3 é baseado no denominado Generic Nanosatellite Bus (GNB), tendo como dimensões 200 × 200 × 200 mm.

Baseado na plataforma SSL-100 da Space Systems/Loral, o LEO Vantage-2 é um satélite de comunicações experimental com uma massa de 70 kg. O satélite irá testar e demonstrar a comunicação utilizando a banda-Ka HTS (High Throughput Satellite). O satélite será operado pela TeleSat Canada.

O satélite D-Star One é um CubeSat-3U com uma massa de 4 kg, projectado e construído pela German Orbital Systems GmbH e tem como objectivo a demonstração tecnológica para a sua futura constelação de comunicações utilizando CubeSats. O satélite está equipado com dois módulos de comunicações D-Star que serão inteiramente dedicados para a utilização pela comunidade de rádio-amadores.

O satélite IDEA OSG-1 tem uma massa de 22 kg e irá operar em órbita durante dois anos. Foi desenvolvido pela empresa Japonesa, Astroscale, e tem como função a monitorização de detritos em órbita terrestre. As sua dimensões são 40 cm × 40 cm × 60 cm.

O objectivo da missão é a recolha de informação chave para caracterizar pequenos detritos em órbita desde 100 µm nas áreas mais congestionadas da órbita terrestre baixa. Assim, a missão do IDEA OSG-1 é a de contribuir para o esforço global na catalogação de detritos de tamanho pequeno e o de melhorar a segurança das futuras missões espaciais tripuladas e não tripuladas. No final da sua missão, o satélite irá abrir uma vela de arrasto para garantir uma rápida remoção orbital.

Os satélites Corvus-BC-3 (Landmapper-BC-3) e Corvus-BC-4 (Landmapper-BC-4) têm por base a plataforma CubeSat-6U e foram desenvolvidos pela Astro Digital (ex-Aquila Space). Os satélites têm uma massa de 11 kg e terão uma missão de cinco anos. A sua missão é a de obter imagens multiespectrais (vermelho, verde e NIR) da superfície terrestre com uma resolução de 22 metros. Os satélites fazem parte de uma constelação de dez satélites de detecção remota.

Desenvolvidos pela Spire, os satélites Lemur-2 são satélites de observação da Terra a nível meteorológico e de monitorização de tráfego. São baseados na plataforma CubeSat-3U e têm uma massa de 4 kg. A bordo transportam uma carga de ocultação de sinal de GPS (STRATOS) e uma carga AIS (SENSE). Neste lançamento seriam colocados em órbita os satélites Lemur-2 (58) a Lemur-2 (67)

lemur-2

O foguetão 14A14 Soyuz-2

O foguetão 14A14 Soyuz-2 (14A14-1A Союз-2.1А) representa a mais recente evolução do épico míssil balístico intercontinental R-7 desenvolvido por Sergei Korolev nos anos 50 do século passado. O novo lançador apresenta motores melhorados, modernosSoyuz-2_2014-03-23_14-08-06 sistemas aviónicos digitais e uma reduzida participação de componentes de fabrico não russo.

O lançador é também conhecido pela designação Soyuz-ST (quando lançado desde o CSG Kourou) e foi especialmente desenhado para uma utilização comercial aumentando a sua performance geral apesar de o desenho básico do veículo permanecer o mesmo. As alterações foram realizadas ao nível de uma melhoria da performance dos motores do primeiro e do segundo estágio com novos injectores e alteração da mistura dos propolentes; aumento na performance do terceiro estágio; introdução de um novo sistema de controlo permitindo uma alteração do plano orbital já durante o voo ; introdução de um novo sistema de telemetria digital para a monitorização do lançador e a introdução de uma nova ogiva de protecção de carga com um diâmetro de 3,6 metros.

O foguetão 14A14 Soyuz-2 pode ser equipado com um quarto estágio, nomeadamente o estágio Fregat, utilizando as carenagens de protecção do tipo ST e SF.

Este lançador é capaz de colocar uma carga de 7.800 kg numa órbita terrestre a 240 km de altitude com uma inclinação de 51,80º. No lançamento desenvolve uma força de 4.144.700 kN. A sua massa total é de 310.000 kg, o seu diâmetro no estágio principal é de 2,95 metros e o seu comprimento total é de 43,40 metros.

O primeiro estágio do 14A14 Soyuz-2 é composto pelos quatro propulsores laterais (Blok B, V, G e D) com uma massa bruta de 44.400 kg, tendo uma massa de 3.810 kg sem combustível. Cada propulsor tem um motor RD-107A (14D22) que desenvolve uma força de 1.021.097 kN (vácuo), com um Ies 310 s e um Tq de 120 s. Têm um comprimento de 19,60 metros, um diâmetro de 2,69 metros e consomem LOX e querosene.

O segundo estágio (Blok-A) tem um comprimento de 27,80 metros, um diâmetro de 2,95 metros, um peso bruto de 105400 kg e um peso sem combustível de 6.975 kg. Está equipado com um motor RD-108A que no lançamento desenvolve 999.601 kgf (vácuo), com um Ies de 311 s e um Tq de 286 s. Consome LOX e querosene.

O terceiro estágio (Blok-I) tem um comprimento de 6,74 metros, um diâmetro de 2,66 metros, um peso bruto de 25.200 kg e um peso sem combustível de 2.355 kg. Está equipado com um motor RD-0110 que no lançamento desenvolve 294.000 kgf (vácuo), com um Ies de 359 s e um Tq de 300 s. Consome LOX e querosene.

As modificações introduzidas no novo lançador foram sendo testadas em duas versões do mesmo veículo o 14A14-1A Soyuz-2-1A e o 14A14-1B Soyuz-2-1B. Este último veículo é um lançador a três estágios no qual o motor RD-0124 é já empregado no último estágio.

Soyuz-2-1a 1

Com dimensões semelhantes ao motor RD-0110 utilizado nas versões anteriores dos lançadores Soyuz, o motor RD-0124 apresenta como principal diferença a introdução de um sistema de ciclo fechado no qual o gás do oxidante que é utilizado para propulsionar as bombas do motor é então direccionado para a câmara de combustão onde é queimado com restante propolente em vez de ser descartado. Esta melhoria no motor aumenta a performance do sistema e, como consequência, aumenta a capacidade de carga do lançador em 950 kg. Um propolente especial de ignição é utilizado para activar a combustão do motor e são utilizados dispositivos pirotécnicos para controlar o funcionamento do motor. Cada uma das quatro câmaras de combustão pode ser movimentada ao longo de eixos para manobrar o veículo.

Em 1996 tiveram início os testes do motor RD-0124 e foram finalizados em Fevereiro de 2004 nas instalações da Khimavtomatika em Voronezh. Nesta altura previa-se que a produção em série do novo motor teria início em 2005. A 27 de Dezembro de 2005 teve lugar outro teste do motor, abrindo caminho para os ensaios em grupo de todo o terceiro estágio do lançador 14A14-B Soyuz-2-1B nas instalações da NIIKhimMash em Sergiev Posad.

No início de 2005 a Arianespace anunciava que a primeira missão de teste do foguetão 14A14-1B Soyuz-2-1B teria lugar desde o Cosmódromo GIK-5 Baikonur para colocar em órbita o satélite astronómico CoRoT. Este lançamento dependeria dos resultados de novos ensaios do motor RD-0124 que tiveram lugar em Março e Abril de 2006. Um último teste teve lugar a 20 de Outubro de 2006 e o satélite CoRoT acabaria por ser lançado a 21 de Dezembro desse ano.

Dados estatísticos e próximos lançamentos

– Lançamento orbital: 5690

– Lançamento orbital Rússia: 3214

– Lançamento orbital desde Vostochniy: 2

Dos lançamentos bem sucedidos levados a cabo em 2017: 14,9% foram realizados pelos Estados Unidos (incluindo ULA – 81,8% (9) e Orbital ATK – 18,2% (2)); 17,6% (13) pela China; 20,3% (15) pela Rússia; 13,5% (10) pela Arianespace; 5,4% (4) pela Índia; 6,8% (5) pelo Japão e 21,6% (16) pela SpaceX.

Os próximos lançamentos orbitais previstos são (hora UTC):

02 Dez (1030:??) – Soyuz-2-1B – GIK-1 Plesetsk, LC43/4 – 14F145 Lotus-S1

02 Dez (????:??) – CZ-2D Chang Zheng-2D – Jiuquan, LC43/603 – YG-31 Yaogan Weixing-31

04 Dez (1952:00) – Falcon-9 (B1035.2) – Cabo Canaveral AFS, SLC-40 – Dragon SpX-13 (CRS-13)

11 Dez (????:??) – CZ-3B Chang Zheng-3B/G2 – Xichang, LC2 – Alcomsat-1

12 Dez (1836:07) – Ariane-5ES (VA240) – CSG Kourou, ELA3 – Galileo-FOC FM15 (Nicole); Galileo-FOC FM16 (Zofia); Galileo-FOC FM17 (Alexandre); Galileo-FOC FM18 (Irina)