LightSail-A telefona para casa!

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Após um angustiante silêncio de oito dias, o satélite LightSail-A, da Planetary Society, enviou um sinal para a Terra. Pelas 2121UTC do dia 30 de Maio de 2015 foi recebido um sinal de rádio na estação terrestre de Cal Poly San Luis Obispo. Outro sinal foi recebido pelas 2129UTC. O relógio de tempo real a bordo do pequeno satélite, que não sofreu um reset após o reboot do software, indicava 908.125 segundos – cerca de 10,5 dias após o lançamento registado a 20 de Maio.

No entanto, os problemas ainda não terão terminado para o LightSail-A pois a sua posição exacta permanece incerta, complicando de certo modo as comunicações. Este novo contacto permite pela primeira vez aos engenheiros comparar o sinal recebido com os modelos orbitais designados TLE (Two-Line Elements), que permitem definir com exactidão a órbita de um determinado satélite. Nesta altura existem dez TLE associados à frota ULTRSat que se juntou à LightSail-A no lançamento a bordo do foguetão Atlas-V. Não se sabe qual dos TLE estará associado ao LightSail-A, mas cada sinal de rádio com o respectivo desvio doppler, ajuda a estreitar as possibilidades.

(Ler também Missão da LightSail-A em suspenso).

O Projecto LightSail foi desenvolvido pela Planetary Society, que é o maior grupo mundial de promoção da exploração espacial. O projecto é financiado pelos cidadãos e consiste em dois pequenos satélites que transportam grandes velas solares com uma área de 32 m2. A primeira missão, LightSail-A, é um voo de demonstração que irá abrir caminho para a demonstração de uma vela solar em 2016.

As velas solares utilizam a energia do Sol como método de propulsão – de facto é um voo utilizando a luz do Sol. A luz é composta por é composta por pacotes de energia chamados ‘fotões’. Enquanto que os fotos não têm massa, um fotão viajando como um pacote de luz tem energia e momento.

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Os veículos espaciais equipados com uma vela solar capturam o momento com grandes superfícies ultra-leves espelhadas e reflectoras – as velas solares. À medida que a luz se reflecte na vela, a maior parte do seu momento é transferido , empurrando a vela. A aceleração resultante é pequena, mas contínua. Ao contrário dos foguetões químicos que fornecem curtos impulsos de força, a força nas velas solares é contínua e pode atingir velocidades elevadas com o passar do tempo.

O LightSail-A é um satélite do tipo CubeSat-3U e tem uma massa de 5 kg. Este tipo de satélites, na maior parte das vezes lançados como cargas secundárias, têm unidades standard com um tamanho de 0,10 metros por aresta que podem ser compostos em conjuntos. No caso da LightSail, será um CubeSat-3U, isto é, composto de três unidades CubeSat.

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Uma vez em órbita, os conjuntos solares irão se abrir, revelando o interior do pequeno satélite. Quatro mastros mecânicos abrir-se-ão lentamente a partir da posição de armazenamento, abrindo as velas solares de forma triangular fabricadas em Mylar. Cada vela tem uma espessura de 4,5 microns – um quarto da espessura de um vulgar saco de lixo.

Três bastões de torque electromagnético a bordo da LightSail-A irão interagir com o campo magnético terrestre, orientando assim o pequeno satélite. Laser emitidos a partir do solo irão medir o efeito da luz solar nas velas e à medida que o satélite orbita o nosso planeta, as suas velas brilhantes serão visíveis a partir do solo.

(Sobre o lançamento do LightSail-A com o X-37B OTV-4: X-37B inicia nova missão militar).