China lança dois novos satélites

Num lançamento surpresa, a China colocou em órbita dois novos satélites que serão utilizados, segundo a imprensa Chinesa, para a realização de experiências cientificas, detecção remota, observação geográfica e mapeamento.

O lançamento dos satélites Tianhui-2 Grupo-01A e Tianhui-2 Grupo-01B teve lugar às 2252:05,017UTC do dia 29 de Abril de 2019 e foi levado a cabo pelo foguetão CZ-4B Chang Zheng-4B (Y36) a partir do Complexo de Lançamento LC9 do Centro de Lançamento de Satélites de Taiyuan, província de Shanxi.

O satélite Tianhui-2 Grupo-01A encontra-se numa órbita com um perigeu a 505 km de altitude, apogeu a 518 km de altitude e inclinação orbital de 97,44º, enquanto que o satélite Tianhui-2 Grupo-01B encontra-se numa órbita com um perigeu a 504 km de altitude, apogeu a 518 km de altitude e inclinação orbital de 97,44º.

Os satélites TH Tianhui (天绘) – “Desenho do Céu” – são fabricados pela Corporação Hangtian Dongfangong Wexing, uma filial da Corporação Aeroespacial e de Tecnologia da China e da Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST). São equipados com uma câmara de observação tridimensional e uma câmara CCD com uma resolução de 5 metros na região espectral entre 0,51 μm e os 0,69 μm, e um ângulo de observação de 25º. Para além destas câmaras, os satélites estão equipados com uma câmara multi-espectral com uma resolução de 10 metros e bandas de observação espectral entre os 0,43 μm e 0,52 μm, 0,53 μm e 0,61 μm, 0,61 μm e 0,69 μm e 0,76 μm e 0,90 μm. As câmaras formam imagens com uma largura de 60 km.

Os satélites operam em órbitas circulares com uma altitude média de 500 km e estão equipados com dois painéis solares desdobráveis para o fornecimento de energia que é por sua vez armazenada em baterias a bordo.

Estes satélites fazem parte de um programa de observação que cobre diferentes programas de observação civis e militares. O programa ZY-1 Ziyuan-1 está centrado na observação de recursos terrestres bem como na detecção remota desses recursos. O programa terá dois ramos, sendo um militar e um outro civil realizado em conjunto com o Brasil (satélites CBERS). Os satélites serão operados em conjunto pelo Centro de Observação Terrestre e Observação Digital e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Brasil. O programa ZY-2 Ziyuan-2 é um programa de observação operado pelo Exército de Libertação do Povo, enquanto que o programa ZY-3 Ziyuan-3 (em tempos por vezes confundido com o programa TH Thianhui) é utilizado para a observação estereoscópica. DE salientar que os satélites Tianhui são operados pelos militares enquanto que os satélites Ziyuzn-3 são operados pelo Bureau Estatal de Observação e Mapeamento.

O primeiro satélite da série, o Tianhui-1 (1) (36985 2010-040A) foi colocado em órbita às 0710:04,075UTC do dia 24 de Agosto de 2010 pelo foguetão CZ-2D Chang Zheng-2D (Y14), enquanto que o Tianhui-1 (2) (38256 2012-020A) foi colocado em órbita pelo foguetão Chang Zheng-2D (Y17) às 0710:04,736UTC do dia 6 de Maio de 2012. O lançamento do satélite Tianhui-1(3) (40987 2015-061A) teve lugar às 0740:04,462UTC do dia 26 de Outubro de 2015 e foi levado a cabo pelo foguetão CZ-2D Chang Zheng-2D (Y26) a partir da Plataforma de Lançamento 603 do Complexo de Lançamento LC43 do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan.

Não são conhecidas as especificações técnicas dos satélites da série Tianhui-2.

O foguetão CZ-4B Chang Zheng-4B

Desenvolvido pela Academia de Tecnologia de Voo Espacial de Xangai, a família de lançadores Chang Zheng-4 é utilizada para a colocação de satélites em órbitas polares e órbitas sincronizadas com o Sol. São lançadores a três estágios de propolentes líquidos cujas raízes se encontram no foguetão FB-1 Feng Bao-1.

A família destes lançadores consiste em três variantes: CZ-4A Chang Zheng-4A, CZ-4B Chang Zheng-4B e Chang Zheng-4C. Após o desenvolvimento do Feng Bao-1, a Academia de Tecnologia de Voo Espacial de Xangai foi incumbida do desenvolvimento do CZ-4. Aparentemente, este lançador seria um veículo suplente para o CZ-3B Chang Zheng-3B, com os dois primeiros estágios do CZ-4 a serem basicamente idênticos aos do foguetão CZ-3 Chang Zheng-3. O terceiro estágio do CZ-4 Chang Zheng-4 foi inteiramente desenvolvido pela Academia de Tecnologia de Voo Espacial de Xangai.

Após o sucesso do CZ-3B, a versão CZ-4 foi abandonada em 1982 e baseado no seu desenho foi introduzido o CZ-4A Chang Zheng-4A que é geralmente idêntico à primeira versão mas tendo uma massa no lançamento ligeiramente inferior (O CZ-4 Chang Zheng-4 tinha uma massa de 248.962 kg enquanto que o CZ-4A Chang Zheng-4A tinha uma massa de 241.092 kg.). O desenvolvimento do foguetão CZ-4B Chang Zheng-4B teve início em Fevereiro de 1989, com o primeiro lançamento previsto para ter lugar em 1997 mas acabando por só se realizar em 1999.

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O CZ-4B Chang Zheng-4B tem uma carenagem de protecção de maiores dimensões; o controlo electromecânico original foi substituído por um controlo electrónico; os sistemas de telemetria, seguimento, controlo e de auto-destruição foram melhorados e substituídos por dispositivos de menores dimensões; procedeu-se a uma revisão do desenho dos escapes dos motores do segundo estágio para melhor desempenho a elevada altitude; foi introduzido um sistema de gestão de consumo de propolente para o segundo estágio com o objectivo de reduzir o propolente residual e assim aumentar a capacidade de carga; e foi introduzido um sistema de ejecção de propolente para o terceiro estágio. É capaz de colocar uma carga de 4.200 kg numa órbita terrestre baixa, 2.800 kg numa órbita sincronizada com o Sol ou 1.500 kg para uma órbita de transferência para a órbita geossíncrona. O CZ-4B pode utilizar duas carenagens: uma com um comprimento de 7,12 metros, diâmetro de 2,90 metros e um peso de 800 kg, e outra com um comprimento de 8,48 metros, diâmetro de 3,35 metros e um peso de 800 kg.

Uma versão equipada com oito propulsores laterais de combustível sólido foi estudada pela Academia de Tecnologia de Voo Espacial de Xangai. O foguetão Chang Zheng-4B-8S teria uma massa de 270.000 kg no lançamento e seria capaz de colocar 2.600 kg numa órbita polar ou sincronizada com o Sol.

Dados estatísticos e próximos lançamentos

– Lançamento orbital: 5832

– Lançamento orbital China: 322 (5,52%)

– Lançamento orbital desde Taiyuan: 73 (1,25% – 22,67%)

Os quadro seguinte mostra os lançamentos previstos e realizados em 2019 por polígono de lançamento.

Os próximos lançamentos orbitais previstos são (hora UTC):

5833 – 03 Maio (????:??) – Falcon 9-071 (B1056.1) – Cabo Canaveral AFS, SLC-40 – Dragon SpX-17 (CRS-17)

5834 – 04 Maio (0600:00) – Electron/Curie (F6 “That’s A Funny Looking Cactus”) – Máhia, LC-1 – Harbinger, SPARC-1, Falcon ODE

5835 – 22 Maio (????:??) – PSLV-C47 – Satish Sawan SHAR, FLP – RISAT-2BR1

5836 – 27 Mai (????:??) – 14A14-1B Soyuz-2.1b/Fregat-M – GIK-1 Plesetsk, LC43/4 – Glonass-M №58

5837 – 29 Mai (1700:00) – 8K82KM Proton-M/Briz-M (93569/99564) – Baikonur, LC81 – PU-24 – Yamal-601