ASAP afirma que a NASA está indecisa para flexibilizar o seu roteiro na exploração espacial

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Várias preocupações foram apontadas sobre o débil roteiro da NASA por parte do Aerospace Safety Advisory Panel (ASAP), referindo que a agência prefere seguir o caminho da “indecisão é a chave para a flexibilidade”. Apesar de somente duas missões estarem programadas, o painel citou as preocupações sobre o lançamento de uma tripulação para o espaço profundo no que seria o voo inaugural do sistema de suporte de vida da Orion.

Roteiro – ou a falta dele…

As incertezas sobre o regresso da NASA à exploração para lá da órbita terrestre não são recentes. A maior parte dos temas são uma casualidade política, com o orçamento da NASA a estar constantemente em negociações, sem um financiamento de longo ciclo que seria necessário para uma decisão profunda em direcção a uma missão tripulada a Marte.

O orçamento da NASA está também espalhado em numerosos objectivos, o que usualmente resulta em programa de bandeira famintos em termos financeiros, o que muitas vezes causa atrasos e custos adicionais.

Z56Milhões e milhões de dólares foram garantidos para construir o próximo veículo lançador da NASA, o Space Launch System (SLS – um muito capaz Heavy Lift Launch Vehicle (HLV) que utiliza hardware já testado em voo. Porém, o actual orçamento da NASA levou a que o SLS esteja à espera de possíveis cargas para lançar. O voo inaugural do SLS em 2017, uma missão de teste que irá utilizar a versão Block 1 do HLV de 70 mT, irá lançar uma cápsula Orion numa missão que irá enviar o veículo espacial a uma distância de 70.000 km da Lua num voo de 25 dias.

A data de lançamento para a missão Exploration Mission-1 (EM-1) é uma decisão de um anterior requisito político  para estar pronta para o lançamento de uma tripulação para a estação espacial internacional na eventualidade de algo acontecer em termos de calendarização do Commercial Crew Program da NASA. Como resultado deste alvo para 2017, o monstruoso foguetão iria então passar quatro anos à espera da sua próxima missão, uma quase repetição da EM-1, mas desta vez com uma tripulação, potencialmente se encontrando com um asteróide perto da Lua. No eZ63ntanto, esta missão continua a ser retratada com um número de preocupantes ressalvas.

Um dos problemas está relacionado com o grande esforço que iria ser necessário para de facto localizar e capturar um asteróide. Muito irá depender da identificação de uma rocha espacial adequada, antes de uma missão em 2019 para o capturar e o transportar para uma determinada região no espaço para a missão EM-2 dois anos mais tarde. Outro problema está relacionado com o actual cenário onde as ambiciosas missões no espaço profundo seriam a missão inaugural de uma tripulação a bordo da Orion.

Chave para a segurança dos astronautas na missão EM-2 é o Environmental Control and Life Support System (ECLSS), tal como é referido no mais recente encontro do ASAP realizado no Centro Espacial Johnson. “Um tópico Z3A2de energética discussão e interesse foi a missão EM-1 de Dezembro de 2017 e a missão tripulada EM-2, prevista para Agosto de 2021. A missão EM-1 é uma missão não tripulada, de longa duração e com o sistema completo, mas pode ser lançada sem um sistema de suporte de vida e de controlo ambiental funcional,” referiram as minutas do encontro.

“A primeira missão tripulada (EM-2 em Agosto de 2021) seria o primeiro voo do totalmente funcional ECLSS, e está a ser examinada em termos de opções. A linha de base é uma órbita lunar alta, mas existem discussões acerca de se alongar essa missão para enviar dois tripulantes numa missão de recolha de uma amostra de um asteróide. A preocupação do painel é: Devemos seguir essa aproximação agressiva na primeira missão tripulada de um novo sistema?Z87

Donald McErlean, membro do painel ASAP, deu uma resposta interessante, notando que existem avaliações sobre “algumas missões intermédias,” citando como “juntamente” com a EM-1 e a EM-2.

Poucos detalhes foram fornecidos para além de uma referência a uma missão “que envolve várias órbitas em torno da Terra para se proceder a uma verificação do ECLSS antes de se prosseguir para uma órbita lunar alta.” Donald McErlean sublinhou que nenhuma destas foi seleccionada, mas estão a ser consideradas.

Z85Foi anteriormente notado que a primeira missão tripulada poderia combinar estes objectivos, passando 30 horas numa órbita altamente elíptica, antes de se prosseguir para o espaço profundo, permitindo assim uma verificação confiável do ECLSS. Com a questão do ECLSS a fornecer outra consideração sobre quando é que uma tripulação será lançada na Orion, juntamente com o potencial de não ser na missão EM-2, o ASAP prosseguiu referindo a incerteza em torno da salva de abertura do roteiro de exploração da NASA.

Joseph Dyer notou que enquanto que é interessante o aspecto incremental do SLS e do ESD (Exploration Systems), “é fácil de ver de onde provém.”

“Quando sobre pressão orçamental e tentando fazer mais com recursos limitados, a NASA escolheu seguir o caminho da ‘indecisão é a chave para a flexibilidade’.”

Z42Referindo que o que foi projectado perde o foco de que é parte de um programa clássico, Joseph Dyer nota que o ASAP expressou alguma preocupação sobre o facto de o desenvolvimento do sistema está a proceder à frente dos seus requisitos. “Esta não é a aproximação mais eficiente e existe alguma preocupação sobre se será o caminho mais seguro.”

O roteiro para lá da missão EM-2 continua a reflectir o desejo do Presidente Obama de se visitar um asteróide em 2025 – o que está cada vez mais a ser referido como um objectivo possível após a finalização da missão EM-2 – e de se chegar a Marte em meados da década de 30.

Numerosas Design Reference Missions (DRM) foram criadas nos últimos anos. Porém, os gestores da NASA continuam a evitar comprometer-se com alguma delas, em parte devido à incerteza sobre o orçamento e em parte devido a negociações com parceiros internacionais.

Várias fontes continuam a referir que a falta de um roteiro de exploração a longo termo é algo de propositado, com os gestores da NASA evitando declarações públicas até conseguirem um envolvimento internacional que irá espalhar os custos e incorporar tecnologias adicionais.

No entanto, refere-se que ao se concentrar no desenvolvimento do SLS e da Orion, a NASA irá trazer uma capacidade forte para a mesa das negociações. Esta semana irá também envolver negociações sobre a possibilidade de alterar a missão EM-2 para uma missão próximo de Marte, através de uma reunião do comité em Washington. Porém, o assunto da segurança da tripulação irá provavelmente levantar a questão de um ECLSS capaz – juntamente com a necessária protecção contra radiações – como grandes preocupações.

Artigo original, ASAP claim NASA is employing indecision to allow for roadmap flexibility por Chris Bergin. Traduzido e utilizado com autorização.